Estamos vivendo mais e melhor. A expectativa de vida aumentou, no Brasil inclusive, graças ao desenvolvimento da Medicina e da biotecnologia, possibilitando exames e tratamentos cada vez mais potentes.
Depois que passamos dos 30, o relógio parece disparar. Portanto, quer gostemos ou não da ideia, a velhice é para onde nos encaminhamos, ‘se tudo der certo‘!
E o quanto antes encararmos nosso envelhecimento e nossa morte, melhor.
Lançado em 2012, o filme francês “E Se Vivêssemos Todos Juntos?” toca em um assunto bastante atual, que atinge cada vez mais gente: o envelhecimento.
Talvez você ainda seja jovem, não se sinta envelhecendo. Mas, se tem pai ou mãe vivo,terá de pensar sobre o assunto também.
Amizades
Pessoas que mantêm um círculo de amizade ao longo da vida envelhecem melhor. Tendem a ser mais felizes e realizadas. Um estudo de Harvard que acompanhou 724 pessoas ao longo de 75 anos apontou a importância dos relacionamentos interpessoais para a felicidade e saúde.
“E se vivêssemos todos juntos?” mostra um grupo de amigos há décadas que começa a falar sobre envelhecimento. Mesmo tratando de um tema tabu, o filme não é sombrio em nenhum momento.
Pelo contrário, não se restringe a falar de envelhecimento, perda de memória, asilos e morte. Abre discussão para temas tabu.
Tabus
O filme francês provoca ao falar, também, da sexualidade dos velhos.
“Como assim, gente idosa tem desejo???? Faz sexo?”
Fica a dica: se você acha impensável que seu (velho) pai e/ou sua (velha) mãe tenha desejo, acorde. Faça terapia para aceitar isto. Cada vez mais é esperado que pessoas idosas possam manter sua vida sexual. Faz parte da saúde.
Se você não consegue lidar com o fato de sou mães terem vida sexual ativa, você terá problemas, mais cedo ou mais tarde. E lembre-se: você também envelhece e não precisa deixar de lado algo que pode ser muito prazeroso.
Coliving
No filme, a ideia de um grupo de amigos idosos morarem todos juntos, é largada ao acaso, em um jantar entre dois casais e um amigo, todos com mais de 70 anos. Agrada logo de cara justamente a um dos 5 amigos que mais cedo enviuvou e que, de certa forma, ainda tira certo proveito da recente ‘solteirice’, vivenciando a sua sexualidade. Para ele, a princípio, seria bem conveniente: seria cuidado e acolhido por amigos. As mulheres se opõem, achando a ideia maluca, logo de início.
Porém, algumas reviravoltas fazem com que repensem a ideia da moradia comunitária. A ideia acaba beneficiando a todos.
A ideia do grupo de amigos pode diminuir a síndrome do ninho vazio, tão falada em outros filmes e relatada em teses acadêmicas. Em alguns pontos, E Se Vivêssemos…? guarda pontos em comum com o britânico O Exótico Hotel Marigold. Porém, em O Exótico… , os velhinhos rompem com a rotina e saem de suas casas, indo em busca de algo totalmente diferente, na Índia.
Em E se Vivêssemos, os franceses ficam na mesma cidade, redimensionam suas vidas e se adaptam às condições atuais… O elenco do filme francês é excelente, contando com atores veteranos franceses mas também com Geraldine Chaplin, Jane Fonda e Daniel Brühl (do excelente Adeus, Lênin).
Velhice – como enfrentar?
A velhice é sempre uma incógnita. Mesmo quem se cuida bastante pode, eventualmente decair de repente.
O ser humano médio tem pavor da morte e em geral quer prolongar a vida. A Medicina contribui com esta tentativa, às vezes propondo tratamentos invasivos. Contrapõe-se a isto, hoje, os Cuidados Paliativos. E também se torna mais popular também o testamento vital – onde a pessoa define o que quer que se faça em caso de doenças graves (ou terminais).
Mas o roteiro não chega a aprofundar os temas de forma dramática. aborda tudo com uma delicadeza primorosa. Reúne um elenco de veteranos franceses mas conta também com as atrizes americanas Jane Fonda e Geraldine Chaplin.
Vale assistir para repensar as relações interpessoais familiares e conjugais, bem como as questões existenciais (envelhecimento, finitude, perdas, traições, relações de amizade).
E também para planejar o que se quer fazer na etapa final da vida.
Por que não? O tempo voa…
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Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica, com formação em TCC , Terapia do Esquema e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso, pelo IPq da Usp. Atende a jovens e adultos, online e em Copacabana, com hora marcada, em terapia individual, terapia pré-matrimonial e terapia de Casal.