Com o surgimento do coronavírus, autoridades de saúde do mundo inteiro recomendaram o isolamento social. Profissionais da saúde mental tiveram de se adaptar para continuar atendendo seus clientes, oferecendo terapia online. Afinal, queixas de ansiedade e depressão aumentaram, bem como relatos de violência doméstica.
Confinados em casa, finalmente, quem não parava para analisar seus problemas teve de, enfim, encará-los: medo da solidão, medo da morte, medo do desemprego, arrependimentos e revisão dos valores com que se comprometeu ao longo da vida.
Ansiedade, tristeza e luto
Com a chegada do coronavírus, mesmo quem achava que nunca precisaria de buscar ajuda psi passou a repensar esta crença. A ansiedade de quem se achava no controle de tudo disparou. Passado um ano, já se fala de uma pandemia da saúde mental. Profissionais da área de saúde mental estão sendo cada vez mais solicitados.
Veio com força o sentimento de luto – pela vida que tínhamos, pela nossa liberdade de ir e vir. Com quase 300 mil mortes no Brasil, é difícil não saber de alguém relativamente próximo que faleceu de covid. Não só a perda de pessoas queridas mas a possibilidade de vir a perder mais alguém dispara a ansiedade do nosso povo.
Talvez seja impossível zerar a ansiedade – mas é possível lidar com a ansiedade de forma funcional.
Muitas das pessoas que resistiam à terapia acabaram aderindo à terapia online, a forma mais segura atualmente. E esta modalidade veio para ficar.
Estratégias de enfrentamento equivocadas
Por outro lado, existem tentativas de minimizar estratégias para lidar com a ansiedade que podem ser mais prejudiciais. Compras online e uso de drogas, em casa mesmo, por exemplo, aumentaram e preocupam os especialistas em dependência química. Estas estratégias de enfrentar a ansiedade podem agravar os problemas, ao invés de trazer uma solução definitiva.
Em relação às compras, a compra online facilita o impulso por compras desnecessárias. Quando a família ou cônjuge são envolvidos, outra crise pode surgir. O filme Becky Bloom mostra o que pode acontecer com pessoas que sofrem de compulsão por compras.
Durante o período de coronavírus, muitas destas formas de esquiva estão impedidas de certa forma.
Ou seja, facilidades como o delivery favorecem o maior descontrole (nas compras) ou consumo (de álcool e outras drogas) ou mesmo de pornografia online, por exemplo.
Estratégias que até aparentam ser mais saudáveis (como a prática intensa de esportes, viagens, estudo ou trabalho intensivo), com o tempo, se mostram falíveis.
Buscar psicoterapia ainda é um passo de coragem, que nem todas as pessoas em sofrimento se arriscam a dar. Muitas têm uma visão bastante equivocada sobre o que é terapia. Tentam resolver suas angústias das mais variadas formas, algumas com estratégias até autodestrutivas. E, logicamente, não conseguiam.
Mas por que tanto medo de fazer terapia? Há muito preconceito, há quem pense que terapia é coisa de gente louca, sem amigos, sem Deus no coração.
Adiam até o ponto em que a vida fique insuportável.
Crenças erradas sobre o que é terapia, muitas vezes, escondem o medo. Medo inclusive de ser feliz. Quando os problemas são encarados, podem aparecer chances de resolvê-los. Para isto, é preciso assumir a sua responsabilidade e se comprometer com a mudança.
Confinamento: parada para reflexão
Fazer terapia vai ajudar neste momento. Mas, como fazer terapia, se a ordem é #fiqueemcasa?
O Conselho Federal de Psicologia autorizou que profissionais devidamente registrados ofereçam terapia online. Foi uma atitude de flexibilidade que, mais do que nunca, precisamos ter.
E por que, neste momento, precisamos ser mais flexíveis? Desde Darwin se sabe que sobrevivem os que melhor se adaptam. Então, por mais que a presença física seja importante, a tecnologia digital possibilita, neste momento, que não fiquemos totalmente isolados. Dá a possibilidade de sermos ouvidos.
Nós, seres humanos, precisamos da conexão. Se a física está impedida, ao menos digital pode acontecer. É importante ser ouvido(a).
Terapia é o tempo e espaço para se ouvir, para suspender julgamentos.
É importante ter alguém que ouça você, sem julgar. Entrar em contato com suas emoções evita que elas explodam no seu corpo, em forma de doenças.
Muitos clientes contam, ao chegar, que consultaram vários médicos, pesquisando causas orgânicas para sua doença até, enfim, aceitarem que a sua doença surgiu porque a mente não está bem.
A terapia é, pois, uma necessidade e não um luxo. Deveria ser considerada um autocuidado básico – tanto quanto atividades físicas, dieta adequada e sono. Neste momento de pandemia, ainda mais.
Sugestões de temas para textos serão bem vindas, convido você a participar ativamente.
Atendimento online
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Thays Babo (CRP 05/23827) é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) pelo IPq (USP). Em formação em Terapia do Esquema
Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial . Durante a pandemia, prioritariamente atendimento on-line