Desde a Antiguidade já se conhece a estreita relação entre mente e corpo. Portanto, você deveria dedicar igual atenção à saúde física e à saúde mental.
O que você faz para cuidar da sua saúde mental?
Mens sana in corpore sano
O poeta romano Juvenal disse: “Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são“. Orações, apenas, não bastam. É preciso compromisso com o autocuidado.
Nos cursos de graduação, corpo e mente são tratados separadamente, não havendo um olhar filosófico. Muitos profissionais da Medicina ainda desprezam a importância das questões emocionais. Em parte porque não são preparados, durante a graduação, para lidar com elas.
A bem da verdade, a maioria mal lida com suas próprias questões. Aqueles que conseguem perceber que as emoções afetam seus pacientes, eventualmente, indicam para psicoterapia.
Muitos não insistem ou mesmo não sugerem, por preconceito ou temer rejeição da clientela. Tratam por longo tempo, muitas vezes apenas medicamentosamente. Com isto, não vão muito além do sintoma.
Infelizmente, o quadro pode se manter, em muitos casos, já que a causa inicial não foi tratada.
Psicofobia – o preconceito contra os problemas de ordem mental
Mesmo entre pessoas de boa escolaridade, há quem ainda acredite que psicoterapia seja para gente ‘maluca’, ‘sem amigos’, ‘que não tem mais o que fazer’. Portanto, é ótimo quando pessoas bem sucedidas vêm a público dar testemunho de suas histórias pessoais.
Os príncipes britânicos se engajam em campanhas de conscientização sobre a necessidade de cuidar da saúde mental. Michel Phelps, campeão olímpico também. E várias outras personalidades também têm revelado seus problemas.
No Brasil, em 2019, chamou atenção o depoimento do youtuber Whindersonn Nunes, que falou da sua depressão.
É importante combater a psicofobia, pois muitas vezes a doença se agrava e pode inclusive levar ao suicídio.
Guy Winch, doutor em Psicologia, aponta a necessidade de termos mais cuidados com nossa saúde mental.
Winch fala da importância de uma higiene emocional, ou seja, uma especial atenção ao tipo de pensamentos que se têm. A pessoa precisa :
- parar de alimentar pensamentos auto depreciativos e derrotistas que aumentam o risco de transtornos como a depressão. Muitos destes pensamentos nem são verdadeiros.
- parar de repassar cenas ou falas (comportamento conhecido como ruminação).
Higiene emocional e a saúde mental
Reconhecer este tipo de pensamentos e o quanto eles são inadequados é difícil para quem já os mantêm há muito tempo. A falta do distanciamento para observar este padrão disfuncional também dificulta a identificação dos pensamentos negativos e falsos.
Por isto é importante buscar ajuda psicológica. Abordagens psicoterápicas como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) facilitam bastante a conscientização sobre o que se pensa e também sobre a utilidade do que se pensa. E sempre é bom lembrar que a meditação é um fator importante no cuidado com a saúde.
Autocuidado o ano inteiro
O final do ano aumenta a melancolia que muitas pessoas sentem, mas podem-se aproveitar as dicas dos especialistas para autocuidado = o ano inteiro. Algumas delas são:
- Ter gratidão – pelo trabalho (ainda que estressante), pelas relações (ainda que tensas, mas que são importantes no resto do ano)
- Dizer ‘não’, quando realmente achar que não vai ser uma boa companhia em um evento. Respeitar-se e estar consciente das suas necessidades é importante.
- Exercitar-se – caminhadas no shopping não contam como atividade física que, comprovadamente, ajuda a melhorar o humor. Médicos têm indicado 150 minutos de atividade física por semana – no mínimo
- Detox digital – reduzir o consumo de mídias sociais (especialmente o Instagram) pode aumentar o bem estar.
- Ter abertura para novas tradições – e tire o foco de você, ajude outras pessoas.
- Cuidar da alimentação – observe as desculpas que você se dá para exagerar. E, se antes de eventos, você comer algo chance de comer compulsivamente diminuirá
Fica a dica. Como nem sempre é fácil mudar um hábito, que tem a ver com o seu padrão mental, considere experimentar a psicoterapia. Ela ajudará você a se conscientizar de seus padrões mentais. Reconhecendo-os, você lidará melhor consigo mesmo. Aprenderá a desenvolver autoaceitação e autocompaixão. Desta forma, você poderá se comprometer com seus valores e agir de forma a ter maior realização pessoal.
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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana.
As mídias sociais exercem cada vez mais influência sobre o modelo de beleza, mesmo em detrimento da saúde mental. O aumento da bulimia e outras mazelas são consequências disso. Essa inversão de valores é perigosa. Além de prejudicar a qualidade de vida dos que seguem a beleza a qualquer custo, podem pagar muito caro por isso.
Desculpe, Vinícius, mas saúde mental é que é fundamental.
obrigada pelo comentário, Eduardo, eu também me preocupo com a maior preocupação na estética e na beleza do que em outros valores.