Poucos dias nos separam do Dia dos Namorados. Muita gente se sente esmagada com o excesso de apelos sobre a data, todas as mídias insistindo em dizer que o amor está no ar…
Mídias
Centenas de comerciais, outdoors e promoções das mais variadas tentam tornar esta data mais lucrativa para seus clientes. Há algum tempo li que as vendas relativas a esta data superam efetivamente no Dia das Mães!
Porém, por mais que soe esquisito, sejamos práticos: é muito improvável que este ‘mercado’ amoroso consiga manter o equilíbrio numérico entre homens e mulheres, ainda levando em consideração a orientação sexual, enfim…
Assim sendo, é totalmente compreensível que muita gente boa – independente da classe social ou do nível de escolaridade – seja possuída por um baixo astral na data, se estiver solo. Não sou estatística, mas ouso dizer que é um número expressivo, se acreditarmos nas informações demográficas que de vez em quando a mídia alardeia (caso queira dados exatos, sugiro o site do IBGE) ;-).
Instaura-se assim um terrorismo amoroso. Bate o desespero em muita gente neste dia. As mulheres devem lembrar do sucesso de O diário de Bridget Jones. Não por acaso, a personagem despertou uma empatia muito grande no público feminino, em todo o mundo. Uma das primeiras cenas do filme mostra a personagem cantando, arrasada, “All by myself“.
(Tá bem, era Natal e Bridget Jones morava em Londres, mas abstraia: é só um exemplo de uma mesma situação – a solidão, como sofrimento quando se acredita, piamente, que todos são felizes no mundo lá fora – menos nós).
De onde surgiu a paúra de não ter alguém do lado, no dia 12 de junho?
Retrocedendo à Antiguidade, vamos parar na Grécia. Em O Banquete, Platão narra uma reunião na casa de Agaton em que os presentes falam sobre o amor. De todas as falas, talvez a mais conhecida seja a de Aristófanes, que narrou o Mito do Andrógino.
De forma bem resumida, a história é a seguinte: Aristófanes conta que os humanos, perfeitos e íntegros, reuniam em si mesmos os dois sexos. Ambiciosos, planejavam tomar os céus. Ao descobrir o plano, Zeus, o deus mais poderoso do Olimpo, decide castigá-los, partindo-os ao meio. A condenação é simples: sempre vagar, em busca da outra metade.
Todo mundo já ouviu esta história, mesmo sem saber quem a contou originalmente. E o mito vem alimentando o nosso imaginário há séculos, reforçado por todas as produções culturais e, de algumas décadas para cá, pelas campanhas publicitárias.
Pra piorar a situação, aqui no Brasil, o poeta proclamou que ‘é impossível ser feliz sozinho’. Soa quase como uma maldição, uma condenação. E a maldição se auto-realiza – há quem considere que estar sozinho – ou melhor, consigo mesmo/a – é mesmo muito ruim, pior do que praga de madrinha.
Mas, ‘deixando a profundidade de lado‘ , o amor é lindo. Pausa para sermos também condescendentes e não cairmos em um extremo oposto, em que se acha ridícula toda a forma de amar ou expressar amor.
Tomo então emprestadas as palavras do Frejat: “Desejo que você tenha a quem amar“…
Reflexões
Se estar só te deprime, talvez seja melhor combater o baixo astral neste dia tão ‘emblemático’. Fica a sugestão do filme Sex and the City – o 1o! -, em que as (quase) sempre amigas Carrie e Miranda saem para se divertir no Valentine´s Day (que é em 14 de fevereiro mas corresponde ao nosso 12 de junho).
Nos outros 364 dias do ano, é bom parar e refletir sobre suas escolhas e projetos. Quem sabe começar uma psicoterapia para entender o que se passa – às vezes estar só pode não ser maldição e sim uma bênção… Ou mesmo uma escolha, da qual não se está consciente.
Caso você já tenha superado esta fase, mande sugestões do que se fazer neste dia! Solteiros e solteiras por convicção aguardam suas dicas!
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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana.
Acho que o poeta estava se referindo a mim…. 🙂
Não dá pra escrever “acho” no seu blog sem aparecer uma carinha???
“A condenação é simples: sempre vagar, em busca da outra metade. ” Nossa, não sabia que era uma condenação, rsss…Só penso nos presentes neste dia. Mas ainda tenho 1 semana para arrumar unzinho, hehehe.
Rararará, mas um namorado bom não espera as datas comerciais para se fazer presente (e dar presentes), concorda? E se não for um bom namorado, aposto como você também prefere desfrutar da sua melhor companhia: você mesma !
Mesmo assim, to na torcida!
beijos
Mas a data é bastante comercial ….Início do mês, rsss.
Se não rolar presentes comerciais, tipo: Caixa de bombom, perfumes dvds, etc…não tem muita graça, porque beijinhos, abraços, carícias, e outros, já rola o tempo de namoro. A graça do dia dos namorados, é exatamente a data, rsssssssss. É que nem aniversário. Ganha-se presentes…
E namorado, não é casado…é só namorado. A companhia pode ser média, não precisa ser ótima. Afinal, namoro pelos padrões normais, são encontros, não uma convivência diária. Um namoro é merecedor de troca de presentes, rsssss. Não precisa ser necessáriamente aquela condenação de Zeus. Eu posso encontrar a alma gêmea perdida de uma outra pessoa. Mas obrigada pela torcida, viu. bjks
🙂
Podemos ser a completa metade de alguém para achar a nossa? Quem achou uma metade plena que me diga. Eu acho que isso não existe. Não considero como uma “metade”, e sim o outro que me acompanha em várias faces que tenho. Mas se não me acompanha, não me completa nas outras, não há problema. Acho que a síndrome do príncipe encantado, metade que completa, é ilusão. O que importa são as qualidades admiráveis que fazem com que você queira estar por perto, mais perto, ao lado em vários momentos da vida.
Bjs
MaLu, concordo plenamente. Mas, pode acreditar, tem muita gente que ainda acredita… E como ninguém dá conta do que falta, fica procurando, procurando…
Pra mim nunca fez diferença. Passei mais tempo sozinha do que acompanhada, e só vivi dois Dia dos Namorados com alguém. Um foi horroroso, o outro foi sublime!
Um feliz Dia dos Namorados pra todos!