A proximidade do Dia dos Namorados gera uma pressão sobre quem não está namorando. Campanhas publicitárias enfatizam a importância de celebrar um namoro para impulsionar as vendas. Junte-se a isto a necessidade do ser humano de buscar conexão e fica difícil não morder a isca do estímulo.
Avalie o seu namoro
Quem tem alguém com quem comemorar também deveria dar uma parada estratégica para avaliar o rumo que o namoro está tomando. Vale mesmo a pena? Traz felicidade, crescimento e realização ou é só para postar nas redes sociais?
Hum, se a resposta certa é a segunda, pense duas vezes antes de comprar o presente. Afinal, as sequelas diante de um relacionamento ‘patológico’ podem ser graves. Não vale a pena se arriscar só pra posar para fotografias.
O Dia dos Namorados pode ser mais facilmente “comemorável” para quem privilegia a paixão acima de tudo. É bem mais fácil de se conseguir uma paixão do que um amor, pelo menos no que se tem entendido como tal.
Enfim, se a ordem é aproveitar bem o próximo dia 12, curta-o, saboreie-o – esteja você com namorado/a ou não.
Seu histórico amoroso
Faça sua retrospectiva amorosa e veja se o que você tem hoje não é uma conquista. Se você acha que o balanço não foi positivo, que o dia 12 sirva de marco para se reavaliar e planejar um futuro mais feliz.
Talvez você tenha armado um muro defensivo. Para quê? Pergunte-se se não deveria abrir uma porta para que o ar circule. Para coisas boas chegarem e renovarem, é preciso abertura…
Avalie se você tem padrões inflexíveis, muitas exigências. Ou se acredita que é uma pessoa cheia de defeitos, de quem ninguém pode gostar. Ou ainda, se você tem medo de sofrer.
Não custa lembrar que esta é apenas uma data no seu calendário e que as 24 horas passarão na mesma velocidade. Serão os mesmos 86400 segundos de todos os dias. Tanto para quem está em um namoro como para quem não está.
A velocidade do dia depende da atenção e importância que você coloca nisto.
Pra finalizar, deixo aqui um texto que achei na internet , do Artur da Távola. Li pela primeira vez na minha adolescência. Guardei o recorte de jornal por muito tempo e apesar de hoje me parecer piegas, na época, trouxe definições pra mim.
Deve ainda ser marcante pra muita gente, porque está na web, atribuído ao Carlos Drummond de Andrade. Garanto que não é. Leia e opine…
Ter Ou Não Ter Namorado – Artur da Távola
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado de verdade é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia a pedir proteção. Esta não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de andar de mãos dadas, de carinho safadinho, escondido no escuro do cinema cheio, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de dar gargalhada quando se fala ao mesmo tempo ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçadinho, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou filme de Woody Allen.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou no meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz.
Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado é porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passa debaixo de sua janela. Ponha intenção de queimar-se em seu próprio fogo e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.
“Enlou-cresça”.
Terapia de Casal ou Terapia Pré-Matrimonial
Se o seu relacionamento amoroso não está em uma boa fase, procure ajuda especializada. Agende uma consulta.
E leia os outros textos aqui do blog que falam sobre as terapias para casais.
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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Também tem formação em Terapia do Esquema, pela Wainer Psicologia.
Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana ou online.
Também tenho guardado o recorte deste artigo, já amarelado, dentre muitos outros do Artur da Távola publicados no espaço que ele tinha no O Globo. Fez e ainda faz muito sentido, mesmo muito anos adiante, o que reforça que independe da idade…namorar é um estado de espírito, é estar enamorado. Quem já viveu, quer reviver a sensação e é o que estimula a busca de muitos de nós. Vivido ou apenas no aspiracional, não importa, é o que enche a vida de pleno sentido. Parabéns pelo texto inspirador ou seria… despertador?
Aproveite o dia dos namorados e assista a Blue Valentine (Namorados Para Sempre). Vi o fime há 3 meses. É um Drama/Romance que (vi)vemos todos os dias. O escritor e diretor é Derek Cianfrance. Michelle Williams e Ryan Gosling estão muito bons em seus papéis!
Casamento com filho + anos de relacionamento = crise + incertezas. Passam o filme buscando os motivos que os fizeram apaixonar-se um pelo outro.
Recomendo! bjs e aguardo seu post! bjs
Com uma recomendação vinda de você, já entrou na minha lista, Julie. Talvez até antes do dia 12… Beijos, obrigada !
Adorei. E vou abrir as portas… 😛
É, o ar tem de ser renovado… Principalmente para as librianas que amam o prana… 😉
Gostei desse texto sobre o dia dos namorado$$$$. Concordo com suas colocações, mas toda essa “comemoração” é inevitável. Principalmente por causa das mulheres… Se o cara não der um presente nesse dia, é briga ou fim em 90% dos casos. Ainda assim, prefiro ver o lado bom das coisas, já que sempre existem pelo menos dois. E nesse dia, os casais, mesmo os já casados, ficam mais amororsos.
nossa, em 90%? não sei se chega a tanto, Haroldo… Mas, realmente, se valer para pelo menos um dia os casais se mimarem , está valendo! beijos