No final dos anos 90, Daniel Goleman ficou famoso ao lançar seu livro Inteligência Emocional. Este conceito se popularizou e vários livros, cursos e treinamentos surgiram a partir do bestseller.
Infelizmente, passados quase 30 anos, a inteligência emocional (I.E) ainda é muito pouco treinada. Este treino deveria começar em casa, mas a maioria das famílias não estimula estas competências nas crianças.
Justiça seja feita: pais e mães, em geral, não receberam este treinamento dos seus cuidadores também. É tudo muito recente.
Preparando as novas gerações
Ainda que já se saiba da importância da inteligência emocional, famílias que têm poder de escolha ainda optam por matricularem seus filhos e filhas em escolas que os preparam para serem competitivos. Querem garantir a empregabilidade deles, reservando seu lugar no “mercado”.
No Brasil, o desempenho dos colégios no ENEM é um critério decisivo para muitos. No Rio de Janeiro, as escolas dos “santos” (Santo Agostinho, Santo Inácio, São Bento, dentre outras) estão melhor no ranking e têm processos seletivos estressantes mesmo para crianças pequenas.
Cada vez se reduz mais o tempo para brincar. Com isto, cada vez mais crianças e adolescentes estão deprimidos e ansiosos. Já sentem a obrigação de “performar” desde cedo e competir.
O brincar e a formação
Pesquisas da Associação de Pediatria Americana mostraram que a redução do tempo de recreio, com atividades externas, para aumentar o conteúdo pode ser prejudicial. Ao invés de melhorar o aprendizado, o dificulta. Aliás, são muitas as recomendações também em relação ao tempo de uso de tela.
Afinal, no brincar em conjunto, crianças e jovens aprendem importantes habilidades sociais. Através dos jogos, aprendem a obedecer regras.
Os esportes coletivos ensinam a trabalhar em equipe, negociar, respeitar o adversário, lidar com a frustração da perda – e perseguir a vitória.
Na hora de escolher onde matricular seus filhos e filhas, responsáveis deveriam levar em conta que, com o avanço da inteligência artificial e a robotização, as competências emocionais é que irão garantir a empregabilidade no futuro. Escolha escolas que dediquem um tempo a lidar com as emoções, reconhecê-las e falar sobre elas.
Em um futuro próximo, a inteligência artificial vai suprir a primazia das habilidades técnicas. A inteligência emocional será o pré-requisito para os trabalhos mais interessantes, como Michelle Schneider explica.
Inteligência emocional contribui para relacionamentos mais satisfatórios
Na vida amorosa, a inteligência emocional também traz benefícios. Os relacionamentos são melhores, sem tantos altos e baixos, principalmente se ambos os parceiros desenvolveram estas competências.
Afinal, a inteligência emocional propicia maior autocontrole e auto-observação. Com maior atenção à comunicação (verbal e não verbal) esta será, portanto, mais assertiva e não violenta. Isto já é um fator que predispõe a relacionamentos mais satisfatórios.
Inteligência emocional é, pois, praticamente sinônimo de maturidade emocional, pois permite a autorregulação das emoções.
Sinais da maturidade emocional
- Você observa e reconhece suas emoções. Lida com elas, sem reações explosivas ou impulsivas. Não nega que sentiu raiva, frustração ou medo, por exemplo;
- Você tem uma escuta atenta e consegue se comunicar melhor e tenta compreender como as pessoas se sentem, sem julgamentos, mesmo que não concorde com seus pontos de vista;
- Você não responsabiliza os outros pelos seus problemas;
- Seu humor fica mais estável, você consegue controlar a sua impulsividade.
Como desenvolver sua inteligência emocional?
O reconhecimento e aceitação das emoções torna mais fácil o autocontrole. Logicamente, quem tem algum transtorno pode tender à impulsividade e agressividade.
Mas é possível aprender a lidar com estes traços. o que contribui para o maior sucesso em todas as áreas de relacionamento com outro ser humano. Se é você quem precisa desenvolver a sua inteligência emocional, dois dos principais recursos são:
- psicoterapia
- meditação.
O próprio Daniel Goleman fala sobre meditação em Inteligência Emocional. E depois do sucesso do livro, lançou outros falando sobre esta prática.
Várias abordagens psicoterápicas incluíram a meditação em sua prática clínica, para ajudar neste trabalho com as emoções. É uma forma de atuar também nos pensamentos que geram ansiedade.
Se você não sabe como meditar, tem um outro texto aqui no blog que pode ajudar – com dicas preciosas. Experimente!
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Thays Babo é Psicóloga Clínica, Mestre pela Puc-Rio, com formação em TCC e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Atualmente cursa a formação em Terapia do Esquema na Wainer Psicologia
Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial, em Copacabana.
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