Recentemente, veio à tona o escândalo da F1 em que Nelson Piquet denuncia, a partir do relato do filho, um fato que deixa o mundo boquiaberto: Nelsinho teria batido em outro carro atendendo a ordens da escuderia.
O caso ainda está sendo esclarecido mas, além do piloto já ter sido afastado há meses, dois envolvidos saíram agora de cena também, demitidos pela Renault.
Particularmente, estou falando de ‘intrometida’, já que não acompanho a Fórmula 1, não entendo a pontuação, nem sei quais são os circuitos e escuderias. Acho entediante e, a meu ver, a única justificativa para existir é o desenvolvimento tecnológico (pneus, motores, lubrificantes, gasolina) então, vá lá… Durma-se com um barulho destes. 🙂
Alguém ainda acredita que, neste circo, alguém seja inocente? Se porventura há, deve sofrer muito porque vários interesses perpassam o ‘esporte’ e a ética acaba sendo sacrificada. Quem esquece quando Rubinho teve de ceder uma vitória para não prejudicar seu companheiro de equipe?
E nós com isto?
Pare e pense: alguma vez você teve de fazer algo no seu trabalho que ia contra o que você considerava certo – técnica ou eticamente falando, em nome de um trabalho de equipe? Ou pior, só para poupar alguém que não merecia tanta deferência assim?
Guardadas as devidas proporções, como agir em um mundo assim? Para manter o emprego e, com isto, as contas em dia, vale a pena sacrificar o que se acha certo e justo?
Questionamentos que incomodam, talvez. Está aberto o debate.
__________
Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio e atende no Centro (Rio – RJ)
Thays,
O maior problema, a meu ver, é a falta de ética total e absoluta que envolve o circo da Fórmula 1. Como jornalista e profissional de marketing, trabalhei por 3 temporadas diretamente com os organizadores dos GP do Brasil de F1. Conheci muita gente de perto, incluindo Ayrton Senna, Piquet, Ron Denis (chefe da MacLaren), Nigel Mansel, Dereck Warick, o japonês todo poderoso da Honda, enfim, de alguma forma fiz parte desse circo por 3 temporadas, tempo suficiente para conhecer seus meandros, seus joguinhos de poder, suas fogueiras de vaidades.
Minha opinião sobre o Piquet, vai além do piloto – este, sempre admirei – mas como ser humano, tenho motivos de sobra para ter cautela – em todos os sentidos. Talvez, por isso, eu não consiga ser muito imparcial. Na minha opinião, o meio é podre, e vale absolutamente tudo. O que vai diferenciar uns dos outros é a personalidade: alguns engolem, outros enfrentam, mesmo colocando em risco a carreira e o emprego. E para citar um exemplo: Senna NUNCA aceitou este tipo de conduta. Por que será?
Portanto, tenho minha opinião formada, baseada em fatos outros que não estão em discussão, o que pode ser interpretado como uma certa vantagem. Mas como opinião, ela não passa disso: é um ponto de vista. Não vai alterar os fatos. Aliás, nada pode modificar o que já foi feito. Infelizmente. E ficou feio…
Pois é, Patricia, ficou feio mesmo e imagino o quanto os ‘bastidores’ não escondem.
Concordo também no que você disse sobre Piquet – ótimo piloto mas questionável em algumas afirmações/provocações que faz. Não me considero gabaritada para questionar o que, publicamente, ele fala e afirma, talvez apenas o modo (e momento) com que solta o verbo. Parece-me que Nelson Piquet tem um prazer especial em ‘ver o circo pegar fogo’ (com perdão do trocadilho infame).
Senna não precisou aceitar este tipo de situação porque sempre esteve bem colocado, não acha? Estes dois ‘incidentes’ mencionados ocorreram com pilotos que não têm, como hábito, estarem lá na pole position. Aliás, agora me dei conta: Nelsinho e Rubinho. Ambos pilotos tratados por diminutivos. Será que por isto os vemos diferentes também, passou da intimidade e familiaridade ao desmerecimento?
Ps : Eu fico com pena com o que falam do Rubinho (até o próprio Felipe Massa fez piada, que o irmão divulgou em cadeia nacional…). Torço para que Rubens Barrichelo consiga surpreender a quem fala mal dele – – mais do que por ser brasileiro, até… Mas, claro, de perto ninguém é santo…
Thays, por conhecer a figura – mesmo que superficialmente – e os bastidores do circo, prefiro não arriscar palpite nessa briga de cachorros grandes. A equipe já puniu os responsáveis, demitindo-os. A batalha, agora, vai ser pessoal e na justiça internacional. Deixemos a decisão final nas mãos de quem entende do assunto. E só para arrematar: Nelson Piquet e Flavio Briatore se merecem!
Quanto ao Senna, além do talento brilhante e indiscutível, tinha duas qualidades invejáveis: era de um caráter irretocável e de uma coragem imbatível. Me lembro de uma vez que a equipe Toleman, na qual ainda era o segundo piloto, emitiu ordem pelo rádio para ceder a vitória ao primeiro piloto, Warick. Senna respondeu: se ele quiser ganhar, vai ter de me ultrapassar. E claro, venceu a corrida, permaneceu na equipe até o final da temporada e, no ano seguinte, foi contratado pela Renaullt John Player Special, ainda como segundo piloto – Gerard Berger era o primeiro -, mas rapidamente foi promovido a primeiro e o resto da história, todos já sabemos. Resumo da ópera: o caráter do Ayrton sempre fez a MAIOR diferença.
Em relação ao Rubinho, sempre achei seu desempenho como piloto, medíocre. Houve um episódio, pouco antes da morte do Senna, quando a abertura da temporada era em Interlagos, que o Rubinho pediu ao Senna para lhe ensinar o traçado da pista. Senna, que sempre foi extremamente competitivo e tinha seus segredos, num ato de caridade, topou. Fez duas voltas na pista de Interlagos com o Rubinho colado na traseira. Depois, falou: agora, moleque, se vira. Mesmo assim, o Rubinho não chegou lá….Por isso, acho que, apesar do esforço, o Rubinho carece de talento. Mas, pelo menos, até o momento, aparenta ter um caráter mais firme. Espero que ele consiga algum resultado positivo para encerrar a carreira de forma menos obscura. E, em relação aos diminutivos, acho que você tem razão, não ajudam.
Não vou entrar no assunto da F1, que acompanho desde pequeno com muito entusiasmo. Só deixei de ser fanático durante o período de hegemonia do Schumacher. E vejo por trás desta uma das razões que leva o Rubens a ser sacaneado pelo seus próprios conterrâneos.
Enfim, para mim não vale a pena sacrificar meu caráter e minha educação em nome de qualquer tipo de ganho.
Oi, Marcelo, muito bom vê-lo aqui. Não sabia deste entusiasmo pela F1, bom saber!
Beijos e obrigada pela participação.
Faço das palavras do Marcelo as minhas. Acompanho a F1 há muito tempo. O Briatore é um dos grandes responsáveis pela morte do Senna. Mas isso, é outra história. O cara é do mal. Felizmente parece que ele tá fora. Já vai tarde! Nunca vi tanta falta de ética e irresponsabilidade juntas. As coisas que ele falou do Nelsinho (que tb errou) foram prá lá de desagradáveis.
Parece-me que quem é escroto é que tem sucesso e mídia a seus pés. O Rubinho, tadinho.
Lamentável, Thays. Muito bem apontado.
Bjo, Patrícia
Cara, eu a-do-ro!!! corridas! Não as assisto muito pq não tenho tv, mas adoro o zumbidinho dos carros… uma vez fui no autódromo assitir fórmula truck e foi super divertido!!!!
Será que no autódromo eu acharia mais interessante? pode ser!
Beijos!
Depende muito de onde vc vê a corrida.
Sendo o “menino” filho de quem é, não me admirou sua atitude em aceitar a pressão e jogar sujo em prol da equipe.
Como ainda resta alguma esperança na raça humana, acho que o herdeiro Piquet tem um tico a mais de caráter e por isso resolveu botar a boca no mundo mesmo que colocando “o dele” na reta.
O Piquet pai pode até ter sido bom piloto, mas as suas atitudes/declarações destemperadas diante da inveja óbvia que sentia pelo Senna deixaram na minha memória apenas lembranças negativas ao seu respeito.
Num mundo onde dinheiro, poder e vaidade imperam, não era pra ser diferente e é fácil imaginar as baixarias que rolam nesse ambiente.
Em tempo: sou apenas uma expectadora que até gostava de F1, mas hj em dia tô preferindo rugby….rs. Minha opinião é baseada somente em reportagens de jornais, tv, internet, etc.
Cada dia sai uma coisa diferente na mídia e dá pra imaginar que tem muito mais coisa escondida nesta sujeirada. Ontem li que um grandão (hum, não guardei o nome e a ‘patente’ dele, rsrsrs) disse que foi sugestão do ‘Piquetzinho’. Será? Pra mim não faz sentido…