Ter uma “DR.’ ou discutir a relação é tema de piadas, comédias e dramas. Tem gente que treme quando o par amoroso anuncia: “precisamos conversar”.
Brincadeiras à parte, na vida real, a comunicação de um casal é de extrema importância. É um dos principais indicadores da saúde de um relacionamento amoroso. Por isto, recebe atenção especial em Terapia de Casal ou na Terapia Pré-Matrimonial.
Mas, por que acontecem tantos problemas de comunicação entre pessoas?
Você aprende a se comunicar observando
A criança aprende a se comunicar observando como os adultos próximos se comunicam. Assim, dependendo da nossa família de origem e dos modelos que recebemos, copiamos e adotamos seus padrões.
Porém, estes padrões podem ser disfuncionais. Ao copiá-los, muitas vezes não nos damos conta destes padrões. E os repetimos
Comunicar-se bem é diferente de formar frases sem erros ou usar a norma culta. Significa se comunicar de forma eficiente, assertiva, não agressiva. Implica tanto em saber falar como também saber ouvir.
Estilos de comunicação
Existem quatro estilos de comunicação. A que a gente percebe mais fácil é o estilo de comunicação agressiva. Outras pessoas adotam um estilo passivo: engolem suas emoções. E sofrem por isto.
Um terceiro estilo é o passivo-agressivo. Enfim, bem poucas pessoas são predominantemente assertivas – que é o quarto estilo. E o mais desejável. Mas há quem se incomode com a assertividade.
As habilidades de comunicação contribuem para o seu sucesso em todas as áreas da sua vida. E por isto devem ser treinadas.
Em Terapia de Casal, o/a psicoterapeuta treina a comunicação do par amoroso, sua habilidade de expressão verbal. Também observa e sinaliza sobre a comunicação não-verbal, que muitas vezes se manifesta ali no consultório.
A comunicação do casal aponta o sucesso do relacionamento
Existe uma crença romântica bastante comum de que casais que se amam não discutem. Tal crença mais atrapalha do que ajuda os casais. É injusto esperar que um casal nunca discuta. Afinal, vêm de origens diferentes, com expectativas e experiências diferentes. E, afinal, são humanos…
Mas, como discutir de forma eficiente, em que ambas as pessoas se sintam ouvidas e respeitadas, chegando a um bom acordo? A Terapia de Casal e a Terapia Pré-Matrimonial ajudam a treinar as habilidades necessárias para uma comunicação não-violenta, empática e assertiva. Existem algumas ‘regrinhas’ para comunicação. Também se trabalha a aceitação do outro, tal como ele é.
O casal de terapeutas Gottman sinaliza que há quatro graves erros na comunicação de casal. Se presentes na relação, permitem prever a separação. Por isto, os Gottman os chamam de “4 cavaleiros do apocalipse”.
São eles: o deboche, a defensividade, o criticismo e o “muro de pedra” – quando não se discute mais. O silêncio pode indicar a desistência da relação: quando não se acredita que consiga mudar algo, discutir para quê?
Como discutir bem?
Nem sempre se deve tentar exaurir o tema da discussão na hora. Às vezes é importante parar uma discussão que esteja exaltada. Respire, se afaste e retorne depois.
E quais seriam as características de uma boa discussão, que promova uma mudança no casal?
- – Saber ouvir;
- – Não interromper a outra pessoa enquanto está expondo sua opinião ou queixa;
- – Não ridicularizar ou minimizar;
- – Ter objetividade, focando no que se quer discutir no momento, não levantando um histórico de problemas que (não) foram resolvidos antes;
- – Ter flexibilidade para tentar entender o ponto de vista da outra pessoa.
Deixe o passado no passado
Muitas vezes, histórias amorosas prévias são levadas adiante, como “traumas” para a nova relação, que já começa em desvantagem. O(a) novo(a) parceiro(a) muitas vezes não consegue compreender como um determinado acontecimento gera uma reação explosiva. Se repetida, ao longo do tempo, mina a relação do casal. Pode gerar mágoas e ressentimentos.
Portanto, é importante também que você trate os seus traumas emocionais (sim, todos temos) antes de entrar em uma relação compromissada. Assim, você não projeta no seu/na sua parceira/o o que você viveu de ruim.
Nem sempre a Terapia de Casal ou Terapia Pré-Matrimonial ‘salvará’ a relação. Afinal, muitas questões além da comunicação estão envolvidas – como valores, por exemplo.
Mas faz toda a diferença, tanto para continuar junto/as como para terminar de forma amigável e respeitosa.
Se o seu relacionamento anda em crise, pare e pense: o quanto é por dificuldade de se comunicarem? Vale a pena tentar manter o relacionamento? Se sim, vença o preconceito e procure ajuda psicoterapêutica.
Dê esta chance a vocês, como casal.
Referências:
Beck, A. T (1988). Love is never enough. New York: Harper & Row
Harris, R. (2009) ACT with Love: Stop Struggling, Reconcile Differences, and Strengthen Your Relationship with Acceptance and Commitment Therapy. Oakland: New Harbinger Publication.
Walser, R. D; Westrup, D (2009) – The mindful couple – how acceptance and mindfulness can lead you to the love you want. Oakland: New Harbinger Publications.
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Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Cpaf-Rio e curso de extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), pelo IPq- USP. Atende em Copacabana e online a jovens e adultos, em terapia individual, de casal ou pré-matrimonial.