Então: chegou o dia dos Namorados. Eu sei, tu sabes, ele sabe, nós sabemos, todos sabem que o Dia dos Namorados é uma data criada com fins comerciais. É uma data super importante para o comércio. Nos Estados Unidos e Europa, esta data é comemorada em 14 de fevereiro, dia de São Valentim (Valentine’s Day). Somos bombardeados com anúncios em todas as mídias – digitais ou não.
Para alguns casais, o Dia dos Namorados pode ser o divisor de água. Se você está saindo com alguém e não recebe nenhuma mensagem neste dia, ou apenas mensagens ‘amigáveis’, fica bem claro o que esperar desta relação. E assim, de repente, você pode descobrir que não era nada do que você imaginava.
Frustrações amorosas acontecem o ano inteiro mas parecem doer mais em datas festivas ( como também nas comemorações de final de ano). Mas a partir daí você pode reinvestir a sua energia no que realmente vai fazer bem.
Programas para este dia podem ser caóticos
Assim como o comércio fica frenético, conseguir um lugar em algum restaurante também pode ser um perrengue. Aí o casal deve apelar para a criatividade ou para o conformismo de ficar em casa… Preparar comida juntos e assistir a filmes pode ajudar a criar um clima romântico.
Outra opção é assistir a filmes românticos. Estes são “clássicos”, mas consuma com moderação.
Afinal, a cultura do amor romântico cria crenças disfuncionais sobre como deve ser um relacionamento amoroso. As expectativas ficam lá no alto – e a frustração pode ser enorme. Outra coisa: pergunte a sua parceria se ela quer ver este tipo de filme.
Comunicação é sempre um fator importantíssimo em um relacionamento amoroso. Não imagine que você sabe tudo sobre seu par. É sempre bom perguntar e também estar disponível para que ele pergunte de volta. Sinceridade traz segurança – atributo muito importante para um relacionamento amoroso.
Queixas amorosas no dia dos Namorados
Não é só quem está solteiro no dia 12 de junho que reclama. Até quem está namorando eventualmente se frustra. Ou por não comemorar como gostaria ou porque investe em um presente e não recebe nada de volta (ou não na mesma proporção).
E, antes de julgar, lembre-se: somos todos humanos (e imersos nesta cultura de amor romântico hollywoodiano).
Mas pare e reflita: o que você vive nos outros 364 dias do ano? O relacionamento tem valido a pena, mesmo que não se comemore o dia 12 de junho? Hoje tem apenas 24 horas, como qualquer outro dia.
O problema é o que você tem experienciado – e o que pensa de você ao longo do ano.
Crenças disfuncionais
No dia dos Namorados, muitas crenças disfuncionais podem ser ativadas. Crenças de desvalor ou de desamor, por exemplo. Esquemas de fracasso, defectividade ou abandono também podem ficar ativos, na falta de uma mensagem ou comemoração.
Quem não lida bem com a solidão, não aprecia a solitude, pode enveredar por uma bad trip, neste dia. Tentar escapar dos próprios sentimentos e pensamentos depreciativos através do abuso de substâncias, desligando das emoções desconfortáveis, é uma forma de enfrentamento de emoções desconfortáveis. Mas traz um grande risco. E você não merece sofrer assim, por ninguém. Acredite! No desespero, vale até ligar para o CVV (que atende 24 horas por dia, 7 dias por semana)
Se você se sente assim, busque ajuda especializada.
Quando seu humor e bem estar dependem de estar com alguém, está na hora de se conhecer melhor – tanto para descobrir quem você é quanto para aprender como pode sobreviver (e bem) sem alguém do seu lado.
Você deve se considerar a sua melhor companhia. Não só se considerar: você deve ser. Autoamor em primeiro lugar. Só assim podemos estar realmente disponíveis para outra pessoa.
Não se desespere: goste de si, em primeiro lugar
Aprender a gostar de si, destacando o que você tem de melhor é o caminho para se abrir para novas oportunidades, sem o constrangimento do desespero.
Afinal, o excesso de ansiedade em ter um vínculo amoroso – ou a tristeza por não ter um– causa justamente o oposto do que se deseja: diminui as chances de um relacionamento saudável.
Além disto, o amor não deve se restringir apenas ao relacionamento amoroso. Você pode – e deve – expandir o seu conceito de amor, como o valor mais básico, que sustenta a vida. E transmitir amor às suas amizades, nas suas relações familiares.
Você também experimenta os benefícios do amor quando ajuda as pessoas – em atividades de voluntariado, por exemplo.
Possíveis parceiro/as equilibrado/as fogem de pessoas muito dependentes. Assim, as crenças pessoais negativas, de fracasso, de desvalor etc, acabam sendo reforçadas. E aí o sofrimento se perpetua.
Quando você conseguir isto, verá que é muito mais fácil conseguir o que você estava mirando, a princípio. Gostando de você e de outras pessoas, você passa a ser mais ‘gostável’, uma pessoa realmente ‘amável’.
Dedique-se, invista no seu autocuidado e você se surpreenderá com a resposta que você receberá das pessoas à sua volta.
_________
Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC (CPAF-RIO), em Terapia do Esquema (Wainer Psicologia) e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP).
Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana ou online.