Confesso: assisti a Delírios de consumo de Becky Bloom. Para manter o tom confessional, devo dizer que meu post inicialmente era bem mais crítico, porque imaginei que, sendo igual ao livro, não gostaria… Depois de ver, resolvi reescrever, para ser mais justa.
Com a justificativa que veria este filme 1) para acompanhar minha filha e 2) como objeto de estudo, a fim de entender o que uma pessoa que consome desenfreadamente quer preencher em si, fui para o cinema. Ah, também tem um 3) por ter ouvido um comentário que era absurdo comentar um filme que eu não tinha visto. 😉 Eu tinha me permitido por já ter lido o livro há uns anos, mas como consegui esquecer tanta bobagem junta, resolvi fazer a coisa certa…
O trailer tinha me induzido a crer que o filme seria uma bomba. É estranho, em geral, trailers costumam ser até melhores do que os filmes pois na edição e seleção de cenas se tem o cuidado de pinçar o que há de melhor! Resumindo: não fiquei com raiva de ter ido ao cinema. E os cinéfilos que me perdoem, mas vou tentar dizer porquê. Peço desculpas por decepcioná-los, mas não se esqueçam de que sou psicóloga e busco algo nos personagens interessantes, críveis. E que vire material para uma boa análise… 😉
A adaptação cinematográfica deslocou a protagonista de Londres para Nova Iorque. Não é nada, não é nada, mas talvez nos States o consumo não seja visto tão patologicamente: afinal este é o país do consumo par excellence.
Sim, o filme tem cenas engraçadas, mas, calma, não precisa correr para o cinema. Quando sair o DVD, prepare a pipoca e pode assistir em casa, em um dia de chuva e vai se divertir – se você tiver bom humor.Por outro lado, o filme pode, sim, ser usado para pensar questões importantes. A começar pelo título original, tanto do livro como do filme: “Confessions of a shopaholic“. No cinema é engraçado mas, na vida real, a compulsão por compra gera problemas sérios, separações, endividamentos, depressões e até mortes. Como todas as ‘adições’. No filme, a sorte de Becky lhe favorece – como era fácil prever… That´s Hollywood.
Outro tema, que não é abordado mas atravessa o filme, pode provocar interessantes discussões: o lixo que se gera a partir do excesso de consumo. Este é sem dúvida um dos problemas mais difíceis de resolver hoje em dia, no mundo: como lidar com todo o lixo que, a cada dia, produzimos mais? As indústrias não podem parar, as economias e a paz mundial dependem disto e a mídia alimenta o desejo por mais e mais coisas novas – muitas desnecessárias. O armário de Becky poderia ser um bom exercício, sendo uma amostra do que é ser viciada no supérfluo.
Cada mulher, cada homem tem ‘armários’ diferentes, cada qual com seu objeto de fetiche. Não necessariamente são roupas, sapatos ou bolsas. Podem ser celulares, notebooks. Na medida em que se tem de estar atualizado e modernizado o tempo todo, com o carro mais novo, o celular mais fantástico, o gadget mais bacana, onde vão parar os antigos? É um tremendo tiro no pé que se dá, em função das aparências. Ou de algo mais profundo a completar.
Consciência e responsabilidade ecológicas devem ser conceitos que não existem no dicionário de Beckys Blooms. Amor à simplicidade pode ser até mal visto. Mas é o que pode salvar a Terra e as gerações futuras… Não é por acaso que a ansiedade e angústia aumentam bem como o uso dos remédios e drogas também cresce. Afinal, como dar conta de tantas exigências para manter as aparências, se seu valor está no que se tem e não no que se é? E como ficar tranquilo/a vendo os recursos naturais se acabarem e a Terra não ter como despejar e processar todo este lixo?
Bem, pode ser que assistir este filme só provoque risadas. Eu torço para que deixe ideias para um consumo mais consciente, menos delirante. Afinal, no final das contas, ser sempre foi mais stylish do que ter.
Delire, consuma – ou consuma porque delira?
Olha, adoro isso aqui pq me poupa de ter que ir ao cinema, eu que já não sou nada cinéfila!
Ma, mesmo sem ter assistido ao filme, sou levada a concordar com o que vc diz e a achar suas críticas bem pertinentes…
Bjokas.
Mabel, você sabe, é um risco ir atrás só das críticas, minhas ou de quem quer que seja. Vc pode ter uma sacada incrível, que outra pessoa deixou passar, mesmo de uma cena banal… Bom, mas se você não é cinéfila, pelo menos escolha um filme melhor para fazer valer a pena, rsrsrs
Mabel, reescrevi meu comentário… bem que eu te disse que era arriscado se fiar nas minhas críticas. Talvez, relendo, você repense…
Bjs
você tem que falar do luke ♥♥
Luisa, eu deixei implícito quando disse que “a sorte lhe favorece”. Com o perdão do trocadilho infame, “Lucky girl”
HAHAHAHAHAHAHAH sim
testando spam