Ao ler a sinopse deste filme, pensei: “Mais uma surrada história de amor”. Com tanta coisa boa pra ver, seria bastante improvável que eu escolhesse justo este. Mas, ao saber que as locações eram Siena e Verona, o amor pela Itália falou mais alto. Segui a dica ‘turística’ e suspendi o juízo cinematográfico. 🙂
Encarei a chuvinha no Rio, pensando que não haveria viv´alma no cinema mas, ó surpresa! A sala 1 do Laura Alvim estava lotada. Muitos casais e até famílias assistiam junto. Clima de romance no ar. O elenco é renomado: Vanessa Redgrave, Amanda Seyfried, Gael García Baernal, com participação especial de Franco Nero. De desconhecido (pra mim) só Christopher Egan, que achei a cara do Heath Ledger – mais alguém achou?
Resumindo ao máximo: Amanda Seyfried é Sophie, noiva de Victor (Gael), e parte com ele para uma viagem pré-nupcial para Verona, cidade de Romeu e Julieta. Só que ele é workaholic e deixa a noiva com grande tempo para repensar a relação dos dois. Sophie, que pretende ser escritora, se surpreende ao descobrir as ‘secretárias de Julieta Capuletto’ e, com isto, uma nova motivação profissional. Para passar tempo, também mergulha no trabalho das secretárias e, por acaso (para quem acredita nele!), descobre, no muro da ‘casa de Julieta’, uma carta ali deixada há 50 anos. Resolve ela mesma responder – e, dias depois, a remetente (interpretada por Vanessa Redgrave) aparece no local. Ambas partem, junto com o neto (Christopher Egan), em busca do romance perdido
Cartas para Julieta tem momentos bem divertidos, mas sabe-se que a maioria dos homens fica entediada com filmes como este, típica comédia romântica. Não tem doses pesadas de humor e reforça o estereótipo de como os italianos são sedutores, independente da idade ;-). Aliás, vemos ali vários estereótipos , mas vamos relevar, em nome da mensagem otimista, tipo ‘nunca é tarde para encontrar um grande amor perdido’. Ou ‘enfrente seus medos’ – inclusive de rejeição. Gente, será que isto foi spoiler?
O ponto ‘negativo’ é que dá uma vontade danada de comprar uma passagem pra Itália e ir conferir de perto as piazzas, os gellatti e a beleza daquele país, in loco. Mas, como nem sempre dá, tente pelo menos ver na telona , muito melhor do que ver em casa…
Lá nos minutos finais, uma pitada leve de filosofia existencialista: a maldição do “E se?” (what if?). Ou seja, o filme fala daquelas dúvidas que a gente arrasta pelo resto da vida, por não ter agido quando deveria, não ter apostado, por medo. O preço é carregar a tal culpa existencial. E a dúvida.
Sorte que tem gente que pode reverter e correr atrás do prejuízo. Cartas… dá um empurrão em quem precisa fazer as pazes com o passado. Afinal, pra que esperar 50 anos? A existência nem sempre é tão generosa
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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio e atende no Rio de Janeiro (Centro)
Ainda nao vi o filme, mas soube que eh uma homenagem aa Redgrave e Nero. Isso porque eles, como os personagens, tb resgataram a relação depois de muitos anos. Ultimamente, tendemos a tratar a ideia de romance como algo menor. Eu mesma passei muito tempo desprezando as historias romanticas pelo simples fato de serem romanticas, as chamadas “agua com açucar”. Bem, desde Tristao e Isolda, romance eh romance. O romantismo movimentou muita coisa desde o seculo XVIII – desde a relaçoes humanas, começando com o casamento “por amor”, antes apenas um contrato negociado com as familias, ateh o consumo e o vestuario. Por isso, achei muito interessante a ideia do filme, ja que se inspira numa historia que realmente aconteceu. Eh como se pudessemos reescrever a historia de Romeu e Julieta (o amor que fica na idealizaçao) e confrontarmos com a realidade e o amor possivel (Redgrave e Nero). Acho que nao o alcanço mais no cinema, Infelizmente vou ter que esperar pelo DVD.
Alcança sim, Solange. Sessão única, 17h40min, no Laura Alvim. Mas chega cedo, ou compra pela internet, porque ontem lotou. Não sabia que a história era deles dois, não cheguei a pesquisar sobre o filme, vou procurar saber mais.
Eu adoro um filme água com açúcar mas sei que pra muita gente (e talvez para mim) tanto romantismo joga as histórias de amor pessoais, verdadeiras, num nível de idealização que nenhum ser humano consegue dar conta… Bem, mas com o passar do tempo a gente aprende a separar ficção da realidade…
Eu assisti e gostei muito. É isso mesmo, se ainda temos chances , penso que devemos buscar resgatar alguns sonhos deixados para trás. Se eles derem certo, como no filme, MARAVILHA, se não…… bom também, pois saimos do “what if?” e encaramos a realidade , valerá como “terapia”.
Vale a pena ver o filme na telona, porém, se não der, vai de DVD- Bluray, pois as paisagens são DIVINAS.
obrigada, Fatima, pelo seu comentário!