Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

14/08/2020

Toc Toc – filmoterapia sobre o transtorno obsessivo-compulsivo

Disponível na Netflix, Toc Toc é uma produção espanhola (2017), baseada em uma peça francesa. Pode ser considerado filmoterapia por facilitar o entendimento sobre o transtorno obsessivo-compulsivo de forma leve.

A aceitação do problema faz diferença na vida de quem sofre deste transtorno. Não tratado, o TOC pode restringir bastante a vida.

Como Melhor Impossível (As Good as it gets) – filme imperdível que rendeu, em 1998, o Oscar de melhores atores a Jack Nicholson e Helen Hun – Toc Toc ajuda a reconhecer os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo.

Depois do grande sucesso do filme americano, o número de diagnósticos parece ter aumentado. Ao se reconhecerem em Melvin Udall, personagem de Nicholson, mais pessoas acabaram buscando ajuda psi para minimizarem seu sofrimento psíquico.

Resenha

Em Toc toc, seis pacientes estão à espera de um psiquiatra, que se atrasa ao retornar de uma viagem. Enquanto o esperam, descobrem que, devido a um erro do software de agendamento, recém comprado, todos terão consulta no mesmo horário.

Alguns destes seis não sabem exatamente que seu problema é transtorno obsessivo-compulsivo. E um deles sofre de Síndrome de Tourette. Todos procuraram ajuda psiquiátrica por perceberem que seus sintomas restringiam sua vida e seus relacionamentos.

À espera do médico, os seis vão interagindo e entendendo o sintoma um do outro, assim como aceitando o seu próprio sintoma. Acabam se ajudando, como se fosse em uma terapia de grupo. Não dá para falar muito mais para não dar spoiler.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

O filme mostra como o transtorno obsessivo-compulsivo pode se manifestar no dia-a-dia e como eles afetam os relacionamentos. Os tipos que o público leigo facilmente reconhecem em Toc Toc são aqueles com compulsões

  • de limpeza
  • de verificação
  • de ordem, simetria, arranjo e alinhamento

Outras compulsões possíveis são a contagem, repetições ou confirmações. Há também as compulsões mentais (pensamentos que podem envolver violência, sexualidade, coisas No filme, também considerado o transtorno de acumulação (hoarding) – que é guardar coisas inúteis, bem diferentemente do hobby de colecionar)

Porém, apesar de serem reconhecidos mais facilmente – permitindo o tom humorístico – quem sofre de transtorno obsessivo-compulsivo pode ter intenso sofrimento mental, por conta dos pensamentos obsessivos. Criam rituais para que “controlem” os pensamentos e diminua a ansiedade. Não é, verdadeiramente, engraçado.

Ou seja, apesar do filme tratar com uma “pegada de humor”, na vida real, não tratar o transtorno obsessivo-compulsivo não é uma boa escolha. Restringe a vida, podendo prejudicar seus relacionamentos interpessoais e inclusive profissionalmente.

Na tentativa de reduzir a ansiedade que as obsessões trazem, quem sofre de TOC estabelece rituais – comportamentos (que podem ser apenas mentais) voluntários e repetitivos que aliviam as obsessões. Acreditam que evitará acontecer o que temem. E são repetidos, às vezes exaustivamente, para garantir que não aconteçam.

Porém, muitas vezes impõem estes rituais a quem é próximo. Ao adotarem os rituais, as pessoas próximas infelizmente, reforçam o sintoma. Se apenas rejeitam, geram muita ansiedade.

Tratamento

O transtorno obsessivo-compulsivo é uma doença crônica e é importante ajuda especializada no seu tratamento. Muitos pacientes relutam em buscar ajuda, não falam dos sintomas, por vergonha.

O tratamento do TOC geralmente alia medicação e psicoterapia – sendo a TCC – terapia cognitivo-comportamental a que tem melhores resultados.

Então, se você ou alguém próximo sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, procure profissionais da saúde mental. A dupla psiquiatra/psicólogo(a) costuma trazer bons resultados.

Você pode entender melhor o transtorno obsessivo-compulsivo no site da Associação Solidária do Toc e Sindrome de Tourette. voltado não só para os pacientes e profissionais, mas também para familiares e leigos.

Thays Babo é Psicóloga Clínica, Mestre pela Puc-Rio, com formação em Terapia Cognitivo-Comportamental e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP).

Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial,  em Copacabana. Durante a pandemia de coronavírus, todos os atendimentos são online.

05/08/2020

Encontros – o Medianeras francês?

No final de 2019, estreou no Brasil o filme francês Encontros (Deux Moi). Impossível dissociá-lo de Medianeras, filme argentino de 2011.

Quase dez anos depois, aplicativos de relacionamentos mudaram bastante o comportamento amorosos. Aplicativos como TinderHappn além da rede social Facebook mudaram radicalmente a forma de se conhecer possíveis parceiro(a)s . E vieram para ficar – ainda que haja migrações para novos apps que vão surgindo.

Observe quando você estiver em um ambiente público: atualmente os olhos estão fixos nos smartphones. Perde-se muitas vezes o que está próximo. E isto é retratado nos dois filmes.

Encontros – ou “Dois Eu”

Mélanie e Remy, jovens solitários na grande Paris, são as personagens principais de Encontros. Sensíveis, introvertidos, não sabem como lidar com sua vida, profissional, familiar e amorosa.

Apresentam os mesmos “sintomas”: insônia, infelicidade, isolamento. Ambos recebem a sugestão de procurar atendimento psicológico. Ou seja, a ideia de buscar ajuda psi não parte de nenhum dos dois, não há de início muita auto observação ou autoconhecimento.

O papel da psicoterapia

Ambos resistem inicialmente a buscar ajuda psicoterapêutica. Como na vida real, pois ainda há a crença de que psicoterapia “é coisa para gente doida”. Precisam chegar a um limite, a um ponto em que “dá ruim”, a partir de onde não conseguem mais seguir.

Felizmente eles conseguem achar psis que os ajudam. Não ficam explícitas as abordagens psicológicas dos profissionais envolvidos. O terapeuta parece de uma abordagem cognitiva. Também não fica clara a referência teórica da psicanalista – que, em alguns momentos, deixa escapar suas posições pessoais – o que pode soar bem contrário à neutralidade proposta pela psicanálise.

Porém, na verdade, a abordagem teórica é menos importante do que o vínculo de confiança que se estabelece entre cliente/paciente e psi.

Como em Medianeras, de 2011, a psicoterapia tem papel importante para os protagonistas. Outra semelhança é que são jovens solteiros e solitários, que se cruzam e não se veem.

Deixe aqui suas sugestões de filmes ou séries que apontem a importância do cuidado com a saúde mental.Denunciar

Thays Babo é Psicóloga Clínica, Mestre pela Puc-Rio, com formação em TCC e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP), membro da ACBS (Association for Contextual Behavioral Science. Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial,  em Copacabana.

Durante a pandemia de coronavírus, todos os atendimentos são online. 

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