Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

07/01/2020

Terapia: mais do que nunca, você precisa deste cuidado (atualizado em 22.mar.2021)

Com o surgimento do coronavírus, autoridades de saúde do mundo inteiro recomendaram o isolamento social. Profissionais da saúde mental tiveram de se adaptar para continuar atendendo seus clientes, oferecendo terapia online. Afinal, queixas de ansiedade e depressão aumentaram, bem como relatos de violência doméstica.

Confinados em casa, finalmente, quem não parava para analisar seus problemas teve de, enfim, encará-los: medo da solidão, medo da morte, medo do desemprego, arrependimentos e revisão dos valores com que se comprometeu ao longo da vida.

Ansiedade, tristeza e luto

Com a chegada do coronavírus, mesmo quem achava que nunca precisaria de buscar ajuda psi passou a repensar esta crença. A ansiedade de quem se achava no controle de tudo disparou. Passado um ano, já se fala de uma pandemia da saúde mental. Profissionais da área de saúde mental estão sendo cada vez mais solicitados.

Veio com força o sentimento de luto – pela vida que tínhamos, pela nossa liberdade de ir e vir. Com quase 300 mil mortes no Brasil, é difícil não saber de alguém relativamente próximo que faleceu de covid. Não só a perda de pessoas queridas mas a possibilidade de vir a perder mais alguém dispara a ansiedade do nosso povo.

Talvez seja impossível zerar a ansiedade – mas é possível lidar com a ansiedade de forma funcional.

Muitas das pessoas que resistiam à terapia acabaram aderindo à terapia online, a forma mais segura atualmente. E esta modalidade veio para ficar.

Estratégias de enfrentamento equivocadas

Por outro lado, existem tentativas de minimizar estratégias para lidar com a ansiedade que podem ser mais prejudiciais. Compras online e uso de drogas, em casa mesmo, por exemplo, aumentaram e preocupam os especialistas em dependência química. Estas estratégias de enfrentar a ansiedade podem agravar os problemas, ao invés de trazer uma solução definitiva.

Em relação às compras, a compra online facilita o impulso por compras desnecessárias. Quando a família ou cônjuge são envolvidos, outra crise pode surgir. O filme Becky Bloom mostra o que pode acontecer com pessoas que sofrem de compulsão por compras.

Durante o período de coronavírus, muitas destas formas de esquiva estão impedidas de certa forma.

Ou seja, facilidades como o delivery favorecem o maior descontrole (nas compras) ou consumo (de álcool e outras drogas) ou mesmo de pornografia online, por exemplo.

Estratégias que até aparentam ser mais saudáveis (como a prática intensa de esportes, viagens, estudo ou trabalho intensivo), com o tempo, se mostram falíveis.

Buscar psicoterapia ainda é um passo de coragem, que nem todas as pessoas em sofrimento se arriscam a dar. Muitas têm uma visão bastante equivocada sobre o que é terapia. Tentam resolver suas angústias das mais variadas formas, algumas com estratégias até autodestrutivas. E, logicamente, não conseguiam.

Mas por que tanto medo de fazer terapia? Há muito preconceito, há quem pense que terapia é coisa de gente louca, sem amigos, sem Deus no coração.

Adiam até o ponto em que a vida fique insuportável.

Crenças erradas sobre o que é terapia, muitas vezes, escondem o medo. Medo inclusive de ser feliz. Quando os problemas são encarados, podem aparecer chances de resolvê-los. Para isto, é preciso assumir a sua responsabilidade e se comprometer com a mudança.

Confinamento: parada para reflexão

Fazer terapia vai ajudar neste momento. Mas, como fazer terapia, se a ordem é #fiqueemcasa?

O Conselho Federal de Psicologia autorizou que profissionais devidamente registrados ofereçam terapia online. Foi uma atitude de flexibilidade que, mais do que nunca, precisamos ter.

E por que, neste momento, precisamos ser mais flexíveis? Desde Darwin se sabe que sobrevivem os que melhor se adaptam. Então, por mais que a presença física seja importante, a tecnologia digital possibilita, neste momento, que não fiquemos totalmente isolados. Dá a possibilidade de sermos ouvidos.

Nós, seres humanos, precisamos da conexão. Se a física está impedida, ao menos digital pode acontecer. É importante ser ouvido(a).

Terapia é o tempo e espaço para se ouvir, para suspender julgamentos.

É importante ter alguém que ouça você, sem julgar. Entrar em contato com suas emoções evita que elas explodam no seu corpo, em forma de doenças.

Muitos clientes contam, ao chegar, que consultaram vários médicos, pesquisando causas orgânicas para sua doença até, enfim, aceitarem que a sua doença surgiu porque a mente não está bem.

A terapia é, pois, uma necessidade e não um luxo. Deveria ser considerada um autocuidado básico – tanto quanto atividades físicas, dieta adequada e sono. Neste momento de pandemia, ainda mais.

Sugestões de temas para textos serão bem vindas, convido você a participar ativamente.

Atendimento online

Saiba mais sobre meu trabalho. Estou no InstagramYouTube, Facebook, Twitter e no LinkedIn. Em breve, uma newsletter para você. Cadastre seu e-mail.

Thays Babo (CRP 05/23827) é  Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) pelo IPq (USP). Em formação em Terapia do Esquema

Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial . Durante a pandemia, prioritariamente atendimento on-line

06/01/2020

Como manter suas decisões de ano novo

As Festas acabaram e o ano novo, enfim, começou – apesar do Carnaval no meio do caminho. Já começou a trabalhar nas decisões que você tomou para o Ano Novo? Não desanime, veja como se comprometer.

“Espero que neste ano que se inicia, você cometa erros. Porque se você está cometendo erros, está fazendo coisas novas, tentando coisas novas, aprendendo, vivendo, se esforçando, mudando a si mesmo, mudando seu mundo. Você está fazendo coisas que nunca fez antes e, mais importante, está fazendo algo.”

Neil Gaiman

Comprometa-se com o que você realmente quer para o ano novo.

Com muitos feriados prolongados, será necessário bastante disciplina em 2020 para não perder o foco. Mas, ao mesmo tempo, tenha autocompaixão com você, caso se desvie um pouquinho.

Há evidências de que mais de 30% das pessoas que tomam este tipo de resoluções para o ano que se inicia desistem delas antes mesmo de acabar a segunda semana do ano. Como assim?

A estas falta, muitas vezes a autocompaixão diante de uma escorregada. Se acontecer com você, cuidado para não alimentar a ideia de que já fracassou. Pelo contrário, aferre-se com mais garra e volte ao que planejou. Tantas vezes quanto for necessário.

Foto de  redcharlie em Unsplash

Há então 5 maneiras cientificamente comprovadas de retomar as suas resoluções, segundo uma matéria da Times, de 2018.

  1. Aceitar a realidade: aprender uma nova habilidade, mudar ou adotar um hábito é difícil, sim. Tente de novo.
  2. Perceba – e valorize – os benefícios imediatos da mudança, agora mesmo. Afinal, pode ser difícil se comprometer com metas de longo prazo.
  3. Alie-se a alguém com o mesmo objetivo – esta pessoa pode lhe dar força, quando pensar em desistir.
  4. Evite os gatilhos: o que lhe fez escorregar e se afastar do seu objetivo? Enquanto não estabelecer seu hábito ou atingir sua meta, o melhor é ficar distante do local, da pessoa ou simplesmente do hábito, para não “cair em tentação”.
  5. Não espere “a” data no calendário. Não precisa ser segunda-feira, o primeiro dia do ano, do mês, ou qualquer outra data especial. Comece quando se sentir preparado(a). Pode ser hoje.

É preciso disciplina e foco. E, como já foi dito, autocompaixão.

O psicólogo americano Steven C. Hayes, um dos criadores da Terapia de Aceitação e Compromisso, aponta a importância de lidar com a nossa própria imperfeição. E dá 18 dicas sobre como executar suas decisões. Uma delas é alinhar suas decisões aos seus valores.

Além disto, coragem para superar os medos de fazer algo que estava adiando. O que impede você hoje pode ser apenas a sua preocupação – ou seja, um produto mental – com o que os outros vão pensar.

Posso lhe dizer que muitos sequer vão pensar algo. Estão vivendo suas vidas. Mas, afinal, o que VOCÊ pensa sobre esta procrastinação?

Procrastinação

Como já foi falado em vários outros posts aqui no blog, a procrastinação tem uma relação estreita com questões emocionais envolvidas. Pode ser o medo ou ansiedade de não dar certo, de não sair perfeito. Ou até o medo do sucesso.

Está na hora de encarar o que se começou a empurrar desde o finalzinho do ano. Retomar ou começar projetos que não saíram do papel – ou das ideias do que se queria em 2019. Se já tinha desistido de 2020, repense. Comprometa-se. Acredite.

Melhorias só acontecem mediante ações compromissadas, quando se avança na direção do que se quer, mediante esforço pessoal.

“Ser feliz dá trabalho

Nem sempre vai ser fácil chegar ao que se define como felicidade – que, é, aliás, transitória. Ela surge no processo e às vezes desaparece. É importante reconhecer o que é impossível. E, a partir daí, poder se comprometer com o possível e atingível, agindo de forma a realizar.

Diante de tantos estímulos contraditórios, vindos ‘de fora’, da pressão social, você vai precisar definir os seus valores pessoais (e não os que sociedade, amigos e parentes tentam impor).

Em todas as áreas da sua vida, seja profissional, amorosa, familiar ou outra qualquer, não se escapa à responsabilidade diante da sua escolha. E é você que vai viver a sua vida, na sua pele. Lamentar-se apenas não tornará a sua vida melhor.

Lembre-se que a responsabilidade pela sua vida é basicamente sua, de se comprometer com você mesmo/a. Não acredite em tudo o que você pensa principalmente se percebe uma tendência a ter uma mente mais catastrofizante. Aproveite para começar o ano novo aqui e agora. Hoje. Avalie-se.

E, se estiver difícil de observar sua vida e ver o que é preciso fazer diferente, se você não tem clareza, procure ajuda especializada.  Faça psicoterapia, que pode ajudar você a discernir, se fortalecer e poder enfrentar os desafios para ter uma vida com propósito.

_______________

Thays Babo é  Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) pelo IPq (USP).

Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial em Copacabana e on-line

Powered by WordPress