Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

23/03/2018

Como manter seu casamento feliz – vida conjugal após os filhos

Andrew G. Marshall, terapeuta de casais inglês, com mais de 30 anos de experiência, propôs em seu livro “I love you, but you always put me last ( “Eu te amo mas você sempre me deixa por último“) que o modelo atual de casamentos, que coloca a/s criança/s como o centro das atenções da família, seja uma das causas para o alto índice de separações e desarmonia conjugal. Segundo ele, é fundamental investir no vínculo amoroso entre o pai e a mãe (ou outras variações).

A ideia, um tanto chocante em uma sociedade que idealiza tanto a maternidade e a paternidade, prova-se bastante razoável quando se observa quantos casais se separam depois que nasce a primeira criança – se não fisicamente, ao menos afetivamente. O nascimento pode causar um forte impacto na relação. É necessária a reestruturação familiar, com revisão dos papeis de cada um. Sentimentos complexos são ativados – tanto no pai quanto na mãe que, muitas vezes, reviverão problemas da sua própria infância. Se não os compreendem, podem reagir impulsivamente, agravando a desarmonia.

Algumas crenças sobre a criação de filhos podem predispor ao afastamento físico. Ao se tornarem mães, as mulheres são muito requisitadas pelo bebê e costumam ficar exaustas. O/a parceiro/a deve, então, se envolver efetivamente nas tarefas domésticas para minimizar o cansaço físico e psíquico da mãe.

Também é importante colocar limites nas visitas, em especial nos primeiros meses quando a criança precisa de tranquilidade e rotina. Nem sempre é fácil, principalmente quando é a primeira criança em muitos anos na família. As visitas podem sobrecarregar muitas mulheres, que querem ser boas anfitriãs e ainda precisam cuidar do bebê. 

Ainda hoje, muitas mulheres têm como principal desejo na vida serem mãe, abrindo mão de vários outros. Ao se dedicarem exclusivamente a isto, abrem mão do papel de esposas. No entanto, há um descompasso: a maioria dos homens não sente o mesmo e com isto aumenta o risco de um relacionamento extraconjugal, caso o homem se sinta muito deixado de lado. Há também  companheiro/as que passam a ver sua mulher exclusivamente como mãe (independente dela  se ver assim ou não). Podem ,assim, parar de sentir desejo. Mais raramente, a própria mulher, se sentindo desprezada ou deixada de lado, pode ficar vulnerável e iniciar um relacionamento extraconjugal.

Estes e outros casos merecem não o julgamento mas uma maior compreensão. A Terapia de Casal pode facilitar.  Mas, adiantando,  alguns dos conselhos de Marshall são: 

  • não tente bancar a super mãe ou super pai;
  • valorize o/a parceiro/a (fazer isto diminui a chance dele/a se envolver em casos extra conjugais)
  • invista eroticamente no/a parceiro/a – mesmo com a diminuição do tempo disponível, especialmente nos primeiros meses, ser pai ou mãe não deve extinguir o desejo. A comunicação dos sentimentos deve ser carinhosa, não agressiva, com abertura para o diálogo e para buscar soluções
  • afinem-se como time e inclua o/a parceiro/a nas decisões a respeito dos filhos;
  • divirtam-se a dois – mantendo o clima amoroso pode-se renovar constantemente a relação.casal freepik

Segundo Marshall, os filhos não se sentem deixados de lado, quando veem os pais saírem juntos, deixando-os com pessoas que possam cuidar delas. Pelo contrário, ficam mais seguros ao perceberem a união do casal e se tornam menos despóticos. A relação estabilizada é a melhor fonte de segurança para eles. 

Se você não sabe como fazer as adaptações necessárias, procure ajuda psicoterápica. A Terapia de Casal é uma boa forma de prevenir separações, restabelecendo um bom diálogo entre os pares e fazendo novos combinados. Afinal, é importante a reestruturação da família com a chegada de novos participantes, que devem sempre somar e não dividir.

________________

Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio. Com formação em TCC e extensão em ACT, atende no Centro do Rio a jovens e adultos, em terapia individual ou de casal.

13/03/2018

Feedbacks: como aprender com eles?

Em posts anteriores, foi abordada a  importância da comunicação em todos os tipos de relacionamentos: amorosos, profissionais, familiares ou de amizades.  Ela deve ser assertiva, clara e direta, sempre que possível. 

Porém, nem sempre é fácil adotar este padrão: muitas pessoas reagem mal à assertividade, tomando-a como crítica pessoal e se fecham. Reagem, se defendendo. Não param  para ouvir o que pode ser útil .

Tal postura não contribui, de forma alguma, ao desenvolvimento pessoal ou mesmo para o relacionamento, seja de que natureza for. 

feedback  

Comunicar-se bem faz parte da inteligência emocional

Algumas abordagens psicoterápicas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), frisam a importância de treinar as habilidades sociais (THS). Em especial as de  comunicação, que são essenciais para a nossa vida. A nossa capacidade de comunicação, nossa linguagem,  é o que nos diferencia dos animais  

A maioria das famílias não se comunica de forma clara e direta. Nas escolas e universidades também não se ensina esta habilidade. Pelo contrário – os casos de bullying mostram que crianças e jovens querem muitas vezes  desqualificar ou acirrar a competição.  Assim, suportar um feedback, ainda que negativo, é importante – mas pode ser particularmente difícil.

Para fazerem comentários que agreguem e não desestimulem a equipe, líderes têm de desenvolver competências de inteligência emocional e social.   O conceito de inteligência emocional se popularizou graças a  Daniel Goleman, ao lançar  Inteligência Emocional, que virou bestseller.  

Autocontrole emocional e empatia são ingredientes fundamentais

O meio corporativo vem desenvolvendo formas de avaliação com feedback ágil. Em algumas empresas, já não é mais necessário esperar um ano para conhecer sua avaliação profissional, o que traz inúmeras vantagens mas também pode aumentar a pressão.

A IBM desenvolveu um aplicativo com esta finalidade, para usar com seus funcionários. O app, que pode ser usado no celular ou no desktop, chama-se ACE (Appreciation, Coaching, Evaluation) e já está sendo usado por 25% do pessoal, que pode solicitar (e fornecer) feedback de seu desempenho a qualquer pessoa na empresa, não apenas a seu chefe. Também possibilita responder a pesquisas e dá acesso ao histórico das avaliações.  

Estilo familiar

Dar ou receber feedback pode ser muito ansiogênico – pois muitas vezes remete a experiências na família de origem. Se o que  predominava era a comunicação disfuncional (agressiva, passiva ou, pior, passivo-agressiva),  a pessoa  pode reproduzi-lo naturalmente.

Pode ativar esquemas de defectividade ou fracasso.

Também há famílias em que a comunicação é quase inexistente ou velada. O silêncio pode ser a punição.

Em psicoterapia, pode-se trabalhar o que o padrão familiar afetou na  habilidade de se comunicar.

Treinamento de habilidades de comunicação

Caso o estilo de comunicação da família de origem seja indireto ou muito agressivo, é importante procurar ajuda especializada. Fazer comentários, elogios, pedir ajuda e outros tipos de comunicação pode ser treinado. Aprender a ouvir, desenvolvendo uma escuta compassiva,  sem excesso de sensibilidade também é fundamental.  

Seu sucesso profissional depende muito do seu conhecimento técnico e acadêmico mas há algum tempo os consultores de RH mostram que as competências sociais serão mais valorizadas. A inteligência emocional, a flexibilidade cognitiva e psicológica serão os diferenciais do profissional do futuro.

Assim, seu  investimento deve ir além dos ambientes acadêmicos.

As terapias cognitivistas são especialmente indicadas para desenvolver uma comunicação mais clara e direta.

Melhorando a sua comunicação, seus  relacionamentos – sejam os amorosos,  familiares, profissionais ou com amigos –  serão beneficiados. Às vezes o problema do relacionamento é só a comunicação.  

Se você identifica que suas dificuldades na comunicação vem atrapalhando o seu desenvolvimento profissional, agende uma consulta.  

_______

Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio. Com formação em TCC e extensão em ACT, atualmente cursa a formação em Terapia do Esquema.

Atende em Copacabana a jovens e adultos, em terapia individual, de casal ou pré-matrimonial. Durante a pandemia de covid, a maioria dos atendimentos é feita online.

Powered by WordPress