Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

29/10/2015

À procura de uma turma

As vantagens de ser invisível é um filme de 2012 que mostra a importância de ter uma turma. Da aceitação e do acolhimento. Do quanto o bullying pode ser paralisante. Mas traz esperanças de  que também pode ser superado. 

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Resenha

Esta produção não é só para o público teen. Adultos que não esqueceram como era ser  adolescente, com todas as dificuldades de encontrar uma turma a qual pertencer também gostarão. E preste bem atenção à trilha sonora. 

Baseado no romance de Stephen Chbosky, As vantagens é um retrato sensível de Charlie, um adolescente bem diferente da média. 

Introvertido, Charlie está numa época de fazer escolhas e a transição para uma vida adulta, com o final da escola. Tem de decidir para qual Universidade ir e tem uma grande dificuldade de fazer amigos.

Nâo encontra logo a sua turma. Mas,  quando consegue, surpreende-se. E surpreende aos outros também.

Há cenas bem divertidas – e outras mais sensíveis,  sem resvalar para um drama lacrimogêneo. Não é um filme superficial e o trio principal de atores – Logan Lerman, Ezra Miller e Emma Watson – manda muito bem. 

Vantagens de ser invisível

E quais seriam afinal as vantagens de ser invisível? Talvez a primeira pergunta devesse ser o que torna uma pessoa “invisível” aos olhos de um grupo. De não ter nenhuma turma em que se encaixe.

Charlie, o protagonista, é invisível mas quer mudar a forma com que se relaciona com o mundo. Só não sabe como. Inicia o ano letivo apreensivo, contando os dias para que ele acabe. Ansiedade é pouco para ele…  Aos 15 anos, não tem o básico das chamadas “habilidades sociais” e sofre bullying. A gente assiste à sua  enorme dificuldade de se relacionar com outras pessoas ao mesmo tempo em que tem uma vontade igualmente enorme de fazer amigos.

Sua família, bastante presente, se preocupa bastante com sua saúde psíquica, por conta da crise que passou. Curiosamente, Charlie tem liberdade para ir e vir quando quiser.

Na infância e adolescência ter uma turma de amigos é fundamental na formação da nossa personalidade. Por isto, As vantagens é excelente filmoterapia para se falar sobre bullying.

Até quase o final do filme, a gente não sabe bem o quê aconteceu, o que gerou sua crise, só temos informações salpicadas aqui e ali. Testemunhamos Charlie conseguindo se movimentar cada vez mais pelo seu mundinho, conquistando seu espaço até encontrar sua turma dentre os que também são considerados ‘esquisitos’. Cada um de seus BFF também tem sua dor, querendo igualmente ‘pertencer’. 

Este filme não se restringe, pois, ao público jovem. Todos os que lidam com adolescentes (psis, educadores, pais,mães etc) podem aprender muito com Charlie. 

E você? Já assistiu? Aguardo seus comentários…

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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP).

Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana. Durante a pandemia, todos os atendimentos são online.

27/10/2015

Como escolher um/a psicoterapeuta?

Se você decidiu que esta é a hora de começar a psicoterapia, fico feliz por você. Há muita gente que sabe que precisaria fazer mas tem medo de ser vista como ‘maluca’, ‘problemática’ e não vence seus próprios preconceitos. Não procura nunca.
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Sinceramente, acho que TODA E QUALQUER PESSOA deveria, pelo menos por um tempo em sua vida, passar por um processo psicoterapêutico para conhecer-se melhor, superar suas dificuldades, enfrentar seus medos e construir uma vida mais plena e satisfatória, compatível com seus valores. Mas, ok, sou psicóloga e você pode pensar que estou falando em causa própria. Tudo bem, vamos em frente.

Muitas vezes, quem busca um profissional de Psicologia fica em dúvida em relação a como escolher. Algumas pessoas, por terem algum conhecimento – leigo – de Psicologia, procuram pela abordagem teórica. Outras procuram pedindo a colegas ou conhecidos indicação em função de proximidade do local onde moram, trabalham ou estudam. Há também os que procuram pelo custo que possa pagar.

No blog http://blog.ctrinstitute.com/finding-the-right-counsellor/ 7, alguns critérios são sugeridos para facilitar a escolha. Adaptando um pouco, destacamos então os seguintes:

– Pense no tipo de profissional que você quer.
É para uma questão específica? Ou para um autoconhecimento a longo prazo, sem pressa? É importante saber se sentiria mais à vontade com um homem ou uma mulher como terapeuta. Também é importante definir se a psicoterapia deveria ser individual, de casal ou familiar…

– Peça recomendações.
Se você tem alguém próximo que faça psicoterapia ou que seja psi, fica mais fácil. E se a pessoa indicada não puder por algum motivo atender você – ou não servir ao tipo de terapia de que você precisa, pode indicar outro que possa atender melhor às suas necessidades. Não desista fácil.

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– Cheque referências locais.
Caso não tenha conseguido recomendações de conhecidos, a internet hoje é uma importante ferramenta nesta busca, por região ou tipo de interesse. Você consegue bastante opções.

– Contate diretamente o/a psi que você escolher.
Algumas pessoas param nesta fase, por temerem falar com alguém que precisa de psicoterapia. É importante lembrar que os profissionais são formados e treinados para ajudar pessoas que tenham passado por vários tipos de problemas. Falar por telefone pode até ser melhor do que mandar um e-mail ou whatsapp, pois pela forma com que a conversa flui ao telefone já se tem uma noção da empatia.

– Entrevista
Você pode ter conseguido várias indicações e estar na dúvida. Marque entrevistas com os profissionais indicados e veja o quanto você se sente à vontade para se expor. Você tem o direito de perguntar sobre o método de trabalho e avaliar se a parceria pode ser boa. Procure saber se o/a psi trabalhou com questões semelhantes às suas e se sente confortável ou tem expertise para trabalhar a situação que faz você procurar psicoterapia. Agende pelo menos uma entrevista para saber se quer estabelecer o vínculo psicoterapêutico com o/a profissional contactado/a.

– Use sua intuição
Ela é imporante para um bom rendimento da terapia. Avalie o quanto se sentiu bem e à vontade – considerando o contato por telefone e a entrevista. Muitas vezes alguém super conceituado academicamente pode não ser tão empático, não deixando a pessoa à vontade, o que vai fazer com que em pouco tempo não se tenha vontade de ir às sessões. É importante considerar isto! Não bastar ter um bom currículo, bons psicoterapeutas têm de ter empatia e consideração bem desenvolvidos, fazendo seu cliente se sentir confortável. E se você não se sentir à vontade, seria muito bom que você se sentisse capaz de expressar isto, dizendo as reais razões. Às vezes é algo contornável; noutras, pode ser feito um encaminhamento para outro profissional, que se adeque melhor ao seu perfil e necessidades.

Então, dê um passo à frente, em direção a uma vida mais plena de significados.
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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, na linha de Família e Casal, tendo formação em TCC pelo CPAF. Mais recentemente vem trabalhando com com a Terapia de Aceitação e Compromisso. Atende a jovens e adultos no Centro (Rio).

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