Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

23/12/2012

Pi e a luta pela sobrevivência


O maravilhoso As Aventuras de Pi, dirigido por Ang Lee, gerou bastante polêmica ao ser lançado no cinema. Tudo porque a mídia destacou o tititi em torno do suposto plágio do romance “A vida de Pi”. O livro do qual saiu o roteiro adaptado pro filme teria se inspirado em Max e os Felinos, do escritor brasileiro Moacyr Scliar. ‘Inspirado’ não é o termo correto, para alguns. A discussão é infindável, mas mas não vem ao caso… O filme é imperdível, independente de Max, que tem um cunho político e, ao que parece (não o li) , vai em outra direção. .

As aventuras deveria ser visto no cinema – e depois certamente ser revisto muitas vezes em casa. Pela primeira vez, assisti a um filme em 3D sem reclamar. E isto não é pouco! 😉 . Agora, encontra-se disponível em DVD e blu-Ray , então as chances diminuíram de conferir na telona diminuíram baaastante, o que é uma pena. Visualmente deslumbrante, os efeitos são tão perfeitos que, quem se entrega à magia da telona, nem se dá conta de que é efeito (se você não for cineasta e também não tiver assistido ao making of, que já está disponível na web). Não por acaso, o filme recebeu vários prêmios no Oscar 2013.

As aventuras de Pi é um filme inspirador – partindo do pressuposto que você não é um cético/a a priori… Para alguns, pode ser religioso demais ou inverossímil, como o próprio adverte, em alguns momentos. Ainda assim agnósticos e ateus podem ‘abstrair’ este aspecto e, se focarem apenas na história de superação do jovem, existente em tantas outras jornadas de heróis, vão gostar.



Confira a seguir o trailer, que sempre entrega um pouco da história, mas vai despertar sua vontade, caso você não tenha acreditado ainda nos elogios que teci até aqui. Logo abaixo tem spoiler, então pare …





Pi Patel é um jovem indiano que tem de enfrentar condições impensáveis para sobreviver a um naufrágio no meio do Oceano Pacífico, no qual perde sua família. Está sozinho: ele, um tigre e Deus, de quem ele não duvida nem um segundo, por mais que O desafie e conteste. Pi tem uma busca espiritual muito intensa, desde muito pequeno, com uma interessante abertura para as diversas tradições. Não é bem compreendido por seu pai, mas sua mãe se mostra mais compreensiva, ficando claro o contraste entre seu pai – mais racional – e sua mãe. Há também um forte amor e respeito que os une.

Para o público ocidental que desconhece o hinduísmo, várias sutilezas passam desapercebidas, nos conflitos de Pi. Confesso que tal falta de compreensão e respeito frente as diferenças me irritou um pouco ao assistir, pois, os espectadores da minha sessão não entenderam que algumas situações que Pi enfrenta são drama puro, sofridas, vários riam em cenas profundamente dramáticas. 🙁 Ok, isto acontece em vários filmes, muitas vezes se percebe uma reação defensiva. Mas, neste caso, foi ignorância mesmo frente a uma cultura diferente. Ainda mais que estamos em uma cultura carnívora, que cultua churrascarias e não pode entender porque um jovem sofre, como por exemplo, quando tem de pescar. Assistindo em um cinema oriental, entre hinduístas e budistas, a reação seria outra.

Muita gente talvez julgue que Pi não mata o tigre apenas para que o filme aconteça, para que haja uma história, sem captar o significado e sentido que Pi dá àquele tigre ou aos peixes. Talvez mesmo a produção do filme não chegue a um consenso sobre isto. Não vou aprofundar nos comentários: deixo em aberto para discussões. Basta clicar no título acima que se abrirá uma caixinha abaixo. Responderei a tudo o que for postado aqui, assim que eu vir!

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Thays Babo é psicóloga clínica e atende na abordagem cognitivo-comportamental, no Centro (Rio)


17/12/2012

Precisa ser sempre assim?

Entre o amor e a Paixão nos deixa a sensação amarga de que os relacionamentos amorosos sempre se encaminham do mesmo modo, de que não há nada a se fazer. Será?

Pessoalmente, não concordo. Nosso modo ‘default’, hoje em dia, de agir na base do piloto automático, talvez ainda mais acentuado nas novas gerações, faz com que não consigamos muita flexibilidade ou habilidade. Ou quem sabe seja culpa do excesso de romantismo comercial? Ou, ainda, somos todos muito hedonistas e, frente às dificuldades, resolvemos pegar a saída pela direita, por não tolerarmos ou conseguirmos enfrentar conflitos com outros ideais?


Pensar sobre os inícios dos relacionamentos amorosos e sobre o que se deseja realmente permite ampliar um pouco mais a discussão. Pode ser justamente o desconhecimento do/a outro/a e também de nós mesmos, de nossos desejos e anseios – que nos precipitam nos relacionamentos. Tentamos dar conta de papéis sociais. Tentamos pertencer, nos enquadrar. E, muitas vezes, dar conta da solidão.

Claro que as decisões sempre dependerão de onde se mora, da idade e também da classe social. No filme, não se sabe muito de como foi o início do casamento de Margo. Todo o resto é inferência.

Abaixo, o trailer do filme – ah, a trilha sonora merece atenção especial…






Fique à vontade para opinar aqui – basta clicar no título acima. Tão logo eu veja o seu comentário, virei responder.

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Thays Babo é psicóloga e Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, associada da ATC-Rio. Atende no Centro (Rio)

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