Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

24/11/2012

Vivendo mais e melhor

Estamos vivendo mais e melhor. A expectativa de vida aumentou, no Brasil inclusive, graças ao desenvolvimento da Medicina e da biotecnologia, possibilitando exames e tratamentos cada vez mais potentes. 

Depois que passamos dos 30, o relógio parece disparar. Portanto, quer gostemos ou não da ideia,  a  velhice é para onde nos encaminhamos, ‘se tudo der certo‘!

E o quanto antes encararmos nosso envelhecimento e nossa morte, melhor.

Lançado em 2012, o filme francês “E Se Vivêssemos Todos Juntos?” toca em um assunto bastante atual, que atinge cada vez mais gente: o envelhecimento.

Talvez você ainda seja jovem,  não se sinta envelhecendo. Mas, se tem pai ou mãe vivo,terá de pensar sobre o assunto também. 

Amizades

Pessoas que mantêm um círculo de amizade ao longo da vida envelhecem melhor. Tendem a ser mais felizes e realizadas. Um estudo de Harvard que acompanhou 724 pessoas ao longo de 75 anos apontou a importância dos relacionamentos interpessoais para a felicidade e saúde. 

“E se vivêssemos todos juntos?” mostra um grupo de amigos há décadas que começa a falar sobre envelhecimento. Mesmo tratando de um tema tabu, o filme não é sombrio em nenhum momento.

Pelo contrário, não se restringe a falar de envelhecimento, perda de memória, asilos e morte. Abre discussão para temas tabu.

Tabus

O filme francês provoca ao falar, também, da sexualidade dos velhos.

Como assim, gente idosa tem desejo???? Faz sexo?

Fica a dica: se você acha impensável que seu (velho) pai e/ou sua (velha) mãe tenha desejo, acorde. Faça terapia para aceitar isto. Cada vez mais é esperado que pessoas idosas possam manter sua vida sexual. Faz parte da saúde. 

Se você não consegue lidar com o fato de sou mães terem vida sexual ativa,  você terá problemas, mais cedo ou mais tarde. E lembre-se: você também envelhece e não precisa deixar de lado algo que pode ser muito prazeroso.

Coliving

No filme, a ideia de um grupo de amigos idosos morarem todos juntos, é largada ao acaso, em um jantar entre dois casais e um amigo, todos com mais de 70 anos. Agrada logo de cara justamente a um dos 5 amigos que mais cedo enviuvou e que, de certa forma, ainda tira certo proveito da recente ‘solteirice’, vivenciando a sua sexualidade. Para ele, a princípio, seria bem conveniente: seria cuidado e acolhido por amigos. As mulheres se opõem, achando a ideia maluca, logo de início.

Porém, algumas reviravoltas fazem com que repensem a ideia da moradia comunitária. A ideia acaba beneficiando a todos.

A ideia do grupo de amigos pode diminuir a síndrome do ninho vazio, tão falada em outros filmes e relatada em teses acadêmicas. Em alguns pontos, E Se Vivêssemos…?  guarda pontos em comum com o britânico O Exótico Hotel MarigoldPorém, em O Exótico… , os velhinhos rompem com a rotina e saem de suas casas, indo em busca de algo totalmente diferente, na Índia.

Em E se Vivêssemos, os franceses ficam na mesma cidade, redimensionam suas vidas e se adaptam às condições atuais… O elenco do filme francês é excelente, contando com atores veteranos franceses mas também com Geraldine Chaplin, Jane Fonda e  Daniel Brühl (do excelente Adeus, Lênin).

Velhice – como enfrentar?

A velhice é sempre uma incógnita. Mesmo quem se cuida bastante pode, eventualmente decair de repente.

O ser humano médio tem pavor da morte e em geral quer prolongar a vida. A Medicina contribui com esta tentativa, às vezes propondo tratamentos invasivos. Contrapõe-se a isto, hoje, os Cuidados Paliativos. E também se torna mais popular também o testamento vital – onde a pessoa define o que quer que se faça em caso de doenças graves (ou terminais). 

 Mas o roteiro não chega a aprofundar os temas de forma dramática. aborda tudo com  uma delicadeza primorosa. Reúne um elenco  de veteranos franceses mas conta também com as atrizes americanas Jane Fonda e Geraldine Chaplin.

Vale assistir para repensar as relações interpessoais familiares e conjugais, bem como as questões existenciais (envelhecimento, finitude, perdas, traições, relações de amizade).  

E também para planejar o que se quer fazer na etapa final da vida.

Por que não? O tempo voa… 

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Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica, com formação em TCC , Terapia do Esquema e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso, pelo IPq da Usp. Atende a jovens e adultos, online e em Copacabana, com hora marcada, em terapia individual, terapia pré-matrimonial e terapia de Casal.

02/11/2012

Para quem não esqueceu o que é ser adolescente…

Em uma sociedade de espetáculo, o título “As vantagens de ser invisível” pode não despertar muito interesse no público ávido por 15 minutos de fama. Talvez seja por isto que, aqui no Rio de Janeiro, o filme já esteja em um número restrito de salas e parece se encaminhar pra consumo em DVD ou blue-ray. O que é uma pena. Sem adiantar muito, para não estragar, esta produção americana agrada não só a quem já passou dos 30 e não esqueceu como era ser adolescente como também pode ser muito bom para quem tem filhos adolescentes. Adolescentes – que deveria ser o público-alvo principal – gostarão mais do filme se tiverem bom conhecimento musical. Mas, os que enfrentam a transição para a vida adulta, com o final da escola , tendo de decidir qual Universidade ir e fazer escolhas podem se identificar com algum personagem…

Baseado no romance de Stephen Chbosky, roteirista estreante como diretor, poderia ser apenas mais um filme sem graça sobre o high schoolamericano mas é um retrato sensível de Charlie, um adolescente totalmente diferente dos demais. A trilha musical é ótima, os personagens crescem ao longo do filme e revelam cada vez mais sua sensibilidade e sua fragilidade. O elenco teen manda bem, em especial o trio principal – Logan Lerman, Ezra Miller e Emma Watson. Tudo isto sem resvalar no drama lacrimogêneo e sem ser superficial.

E quais seriam afinal as vantagens de ser invisível? Talvez a primeira pergunta devesse ser o que torna uma pessoa “invisível” aos olhos de um grupo. Charlie, o protagonista, tem o perfil ideal para sofrer bullying e, aos 15 anos, parece não ter o básico das chamadas “habilidades sociais”: mostra uma enorme dificuldade de se relacionar com outras pessoas mas uma vontade igualmente de fazer amigos. Inicia o ano letivo apreensivo, contando os dias para que ele acabe. Percebe-se também que sua família se preocupa bastante com sua saúde psíquica, mas Charlie tem liberdade para ir e vir na hora que quiser e então fica-se sem saber bem o porquê até os últimos 10 minutos, talvez. Com informações salpicadas aqui e ali sobre seu passado, Charlie vai conseguindo se movimentar cada vez mais, conquistar seu espaço, encontrar sua turma dentre os que também são considerados ‘esquisitos’. Sua união vem justamente da semelhança de ser diferente dos demais.





Com seus amigos, aprende a aproveitar as vantagens da invisibilidade, se fortalecendo nela. E, em se tratando de adolescência, temas como sexualidade e drogas não poderiam faltar. Mas o principal é o vínculo de amizade, como ela cura e salva quando as pessoas se apoiam mutuamente, sem interesses escusos – ou seja, amizade pura.


Charlie, apesar de todo o medo que tem diante da vida, vai em frente, se lança, se arrisca. É um ‘herói’ com muitas limitações, adoentado, mas que cresce apesar de todas elas. Pelos temas abordados, também pode ser usado por profissionais que lidem com adolescentes – como psicólogos, educadores e professores – como pontapé inicial para discussões sobre as transições para a vida adulta.

Como somos todos heróis, por mais que muita gente não se dê conta disto, a música de David Bowie não poderia faltar na trilha sonora…





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Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio e atende no Centro.

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