Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

28/12/2010

Recomeçando…

Filed under: Espaço Psi-Saúde — Thays @ 16:24

O Natal já passou, estamos quase em 2011. Esta época de ano, tão festiva para muita gente, traz para muita gente, lembranças tristes. Ou simplesmente a constatação de que não se fez tanto quanto se esperava fazer durante o ano.

Nunca é demais lembrar que final do ano, em 31 de dezembro, é apenas uma convenção astronômica. Pode-se – ou melhor, deve-se – aproveitar para fazer aquele balanço, levantar perdas e ganhos. Também é a hora de faxina, tanto nas gavetas do armário, como nos escaninhos da alma. Repensar o que fez dos projetos que tinha pra o ano que acaba e avaliar o quanto realizou daquilo que se propôs. Como se desperdiça o tempo, cada vez mais rápido (ou é impressão minha de que 24 horas agora não dão pra nada?).
Se a gente refletir bem, esta mesma oportunidade está disponível nos outros 364 dias do ano, quando acordamos.

Para muitos, este balanço ou faxina deixa um gosto de ressaca, antes mesmo da festa começar. Que tal adotar uma visão mais positiva para aproveitar a oportunidade simbólica de um novo começo? Mas o apelo do dia primeiro de janeiro é quase mágico. Então, que tal aproveitar? Aliás, outro novo marco: será o primeiro de janeiro da segunda década. Sim, inauguramos a segunda década do segundo milênio.




Já que a contagem regressiva é inevitável, avante! Respire fundo, busque um novo alento para recomeçar em bases diferentes – e melhores – o ano que está rompendo junto com os fogos de artifício!

Feliz 2011!

20/12/2010

Vendo por um outro ângulo… The Facebook

Filed under: Espaço Psi-Saúde — Tags:, , , , — Thays @ 16:24

É impossível que em 2010 quem use a internet nunca tenha ouvido falar no Facebook. Pode não ter conta na rede, achar bobagem e tudo, excesso de exposição – mas, já ouviu este nome, pelo menos. Rede social, dirigido por David Fincher (de O Curioso Caso de Benjamim Button e Clube da Luta), conta a história da criação deste fenômeno, pela dupla de amigos Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin. A proposta do post é partir do filme para refletir sobre o impacto das redes sociais na sociedade. Na sua vida. Sem nenhuma pretensão acadêmica, abrindo o diálogo com você.

O filme se baseia no livro Bilionários por acaso, de Ben Mezrich. O título em inglês inclui “The Founding of Facebook: A Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal“. Mas, ao contrário do que sugere, o sucesso da rede não foi casual. Tudo foi planejado para dar certo – talvez não na dimensão e velocidade imaginadas inicialmente. Zuckerberg rapidamente enxergou para onde tudo podia ir.

Saí do cinema pensando na personalidade de Mark, em qual categoria do CID-10 ele se encaixaria, se passasse por uma boa avaliação psiquiátrica. Mas, ao começar a pesquisar sobre a história real, vi que iria cair numa crítica superficial, facilmente derrubada por qualquer pessoa que conhece melhor a história real. Sabendo que o livro foi escrito a partir do contado pelo ex-melhor amigo de Mark Zuckerberg , Eduardo Saverin, tem que se dar um desconto ao viés do ressentimento. Soube que Zuckerberg tem um relacionamento estável desde o início do curso, não sendo tão antissocial como parece. É possível que só Mark e Eduardo conheçam a história completa. Saber que a versão era de alguém que se sentiu traído mudou minha linha de análise. Cheia de cautela, aceito palpites de quem conhece mais da história real… 🙂 Então, vamos lá: Mark e Eduardo, o amigo brasileiro, estudantes de Harvard, criaram o Facebook em 2003.


Ah, aqui embaixo está o verdadeiro Mark, que veio ano passado ao Brasil e se mostrou, para alguns internautas, pouco conhecedor do perfil do usuário brasileiro. A rede social mais popular por aqui ainda é o orkut, mas ele declara que isto é questão de tempo e conhecimento. Pelo número de pessoas que vão abandonando o orkut, acho que ele tem uma certa razão. O boom do orkut já passou, tendo entrado na fase do declínio – a menos que se reinvente (o que não é de todo impossível). Caso não queira saber muito sobre o filme, não leia, tem spoilers pela frente. E nem veja os trailers… 😀

Os diálogos dos primeiros minutos do filme são incrivelmente ágeis. Zuckerberg nos parece um gênio logo de cara – um gênio malvado, sendo bem ‘maniqueístas’. Caracterizado como um nerd típico, mal adaptado (ou mal resolvido?) a cena de abertura mostra seu papo com a namorada no bar. Enredado nas suas próprias ideias, ntelectualmente vaidoso, arrogante, impiedoso, inábil, é incapaz de ouvir o que esta tinha para dizer. Ou melhor, ele escuta, registra, mas não dá atenção. Acha-se o centro do mundo . Humilha sem pensar duas vezes.

Quando recebe um fora, ao invés de lamber suas feridas, tem uma ideia incrível . Sua vingança é perversa, para o deleite dos rapazes e ódio das moças de Harvard. Contando com Eduardo, outro geniozinho, em poucas horas, congestiona a rede da universidade, que sai do ar. Sua brincadeira o projeta entre os alunos, que é o o que sempre quis: ser admitido nos “clubes”. Assim, atrai a atenção de clientes e é contratado para desenvolver um projeto que eles imaginaram, mas não sabiam desenvolver. Mal sabem eles que, logo de cara, tocaram em um ponto sensível do rapaz: a exclusão.

A ideia do trabalho é boa, mas, Mark, ao assumir o trabalho, mostra-se o típico ‘enrolão’, que todo mundo já contratou alguma vez. Revolta pura contra seus contratantes, que fazem parte de um mundo em que ele não tinha sido ainda admitido. E não por falta de competência. E a percepção de que tem um tesouro por explorar. Zuckerberg aprimora a ideia, bolando algo muito melhor: The Facebook. Mais uma vez, conta com a ajuda de Eduardo. Só que The Facebook entra no ar como concepção sua, infringindo os códigos de ética mais elementares – o que enfurece seus contratantes, que correm atrás do prejuízo.

Terá sido o carisma do ator (Jesse Eisenberg, de O solteirão e de A Lula e a Baleia), que me despertou a empatia pelo jeito moleque de Zuckerberg? Pode ser apenas liberdade ficcional, mas mesmo os foras que dá não deixam de ser ‘merecidos’, apesar de nem um pouco diplomáticos. Ele cala os adversários com a objetividade de suas respostas, muitas vezes, como dá pra ver no trailer.



Mas, sempre alerta: não se pode achar que se conhece Zuckerberg, só pelo filme. Zuckerberg fica caracterizado como um traíra, na melhor dos adjetivos. Afinal, é a visão de Eduardo sobre o caso, com boa dose de ressentimento. O brasileiro foi ficando de lado quando conhecem o criador do lendário Napster, Sean Parker (interpretado pelo cantor Justin Timberlake). Parker é retratado como um interessado em surfar no sucesso do ‘ingênuo’ criador. Parker mostra um mundo que Zuckerberg não conhecia, e acena com a possibilidade de ser aceito em círculos que não frequentava. Teve grandes ideias também – e uma foi suprimir o artigo “The”. Simple like that… . Eduardo, a princípio, não parece apostar tantas fichas assim na rede, partindo em busca de um estágio. É no seu afastamento que Parker consegue crescer e influenciar Zuckerberg, fascinado por ele.


Antes de pensar no que o Facebook mudou sua vida ou na das pessoas que você conhece, há que se reconhecer que foi o orkut, aqui no Brasil, que começou a revolucionar a vida do brasileiro, lá pra 2004. A proposta era exclusivista: só entrava quem era convidado. A versão inicial em inglês excluía muitos brasileiros. As comunidades ampliaram o círculo social, fizeram pessoas se reencontrarem, outras se conheceram – enfim, movimentou a vida social de muita gente que não tinha uma. Claro que isto teve um impacto nas relações amorosas dos grandes centros urbanos, por aqui. Muita gente casou , separou ou traiu, graças à criação do engenheiro turco, Orkut Buyukkokten. O sucesso fenomenal ficou mais restrito ao Brasil – e à Índia ;).

Aliás, uma cena do filme é muito interessante: quando a namorada de Eduardo pergunta porque o status dele no Facebook era solteiro – se eles eram namorados ainda. Na vida real, costuma ser questão para muita gente e realmente pode revelar um grau de comprometimento maior ou menor. Li estes dias o depoimento de um homem, apavorado. Após uma transa casual, que não pretendia levar à frente, descobriu que sua parceira trocara o status, colocando “em relação séria”. No mínimo, gera boas questões para a análise… 😉

Hoje em dia, é o Facebook que está crescendo vertiginosamente (em outubro, segundo o Ibope, tinha 33% dos internautas, acima de 18 anos. O orkut ainda tinha mais – 70%). Nesta pesquisa Ibope (disponível em http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=pesquisa_leitura&nivel=null&docid=44602A95C63EC50A832577C30049926A ), fica claro que o usuário brasileiro usa muito mais a rede como diversão e para encontrar os amigos do que com motivos profissionais.

O uso intenso das redes sociais desperta a atenção das águias do mercado publicitário, que não perdem a chance de quererem colocar seus produtos em todas as mídias possíveis. E sempre vale lembrar que recrutadores muitas vezes descartam candidatos a empregos se tiverem acesso a seus perfis e descobrirem conteúdo não apropriado por lá.

Preciso dizer que considero um filme “must see“? Quem navega e principalmente quem tem conta no Facebook deve ver. No mínimo, para ficar atualizado: o filme tem 6 indicações para o Globo de Ouro e aposta-se que terá também várias ao Oscar. Quem ainda não sabia que o mundo não é cor de rosa, vai descobrir vendo este filme, podendo prestar atenção à sua participação e como alimenta toda esta engrenagem. Muito poderia ser dito ainda sobre o filme, sobre a necessidade hoje dos jovens de conquistarem seu reconhecimento tão rapidamente, independente do que precisem fazer por isto. Das relações ali retratadas poucas mostram vínculos de amizade ou amor. São todas interesse puro. Será que é isto o que está acontecendo no mundo real, também? Será que o virtual só está refletindo o que já é?

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O mito da sexualidade do brasileiro

Duas pesquisas brasileiras sérias – uma da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e a outra, da USP, intitulada Estudo da Vida Sexual do Brasileiro (coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, que está à frente do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da USP). Segue o link fantasmas fizeram cair o mito de que o brasileiro é bem resolvido na cama: 49% tem problemas de disfunção erétil. No Rio de Janeiro, cidade que exalta a sexualidade dos seus moradores mundo afora, sendo considerada uma capital sexy, o índice sobe para 68%. Como tudo é uma questão de marketing, é bem capaz que esta não seja uma pesquisa muito divulgada lá fora… Mas, o brasileiro deveria ter fazer o seu dever de casa, dando mais atenção à sua saúde sexual do que a alardear proezas de que é capaz.

Saúde não é motivo de piada e os dados da pesquisa mostraram que a saúde sexual do brasileiro inspira mais cuidados do que parece. Afinal, os problemas masculinos relatados são variados: vão desde falta de desejo à falta do orgasmo – muitas vezes associado à ejaculação. Existem vários motivos para isto, como você deve ter lido na matéria. Mas o que pode agravar a situação é a falta de regularidade de visita a urologista. Há um tabu em relação ao assunto, fantasias e medo. Há também a vergonha quando o homem se depara com uma urologista – o que dificulta também a termos números absolutamente confiáveis em relação às insatisfações, bem como a fazer o tratamento adequado. E certamente vários outros não listados na matéria.

A matéria chama a atenção para o problema de disfunções entre os jovens, muitas vezes ligado ao uso de drogas – incluído aí o álcool. O uso indiscriminado de antidepressivos, para combater qualquer tristeza também influi. Ainda afetam a vida sexual, apesar dos avanços da indústria farmacêutica. Mas, se o desempenho sexual é, psicologicamente falando, algo tão importante para os homens, o que faz com que se calem? Por que fazem cara de paisagem e mantêm a pose de que estão bem? Poucos procuram ajuda psicoterapêutica, mediante estes percentuais. 

No caso do álcool (droga ‘lícita’, mas não menos danosa), antes que pensem que vou fazer discurso contra o álcool,aviso que não é nada disto. Caso não estejamos falando de dependência química, em que um primeiro gole precipita a pessoa ladeira abaixo, mesmo a pessoa que consome em excesso eventualmente corre riscos. O álcool – como outras drogas – parece um ‘bom companheiro’ frente a situações em que se sente desconfortável. Ajuda a quebrar o gelo, reduzir a censura. Com isto, também, não se percebe tão bem os riscos que se corre. Sim, riscos há, seja para o homem como para a mulher. Não, também não vou falar do risco ao volante (as campanhas da Lei Seca já estão aí mesmo, com resultados favoráveis desde sua implantação). Falarei do risco de ter um comportamento de risco por ter bebido além da conta. Sim, se já é difícil de adotar o uso do preservativo, a dificuldade ainda aumenta se já se bebeu além da conta. E o que é o “além da conta?”. Isto é totalmente pessoal, mas … quando a pessoa fica tontinha já passou da conta.


Então, se cruzarmos os dados que falam do alto consumo de álcool pelos jovens, vemos que o que poderia ser apenas uma ‘festa’ , um momento de descontração, muitas vezes mina as campanhas de prevenção contra as DSTs e também de prevenção à gravidez indesejada. Além de tudo isto, a pouca experiência do jovem, mal combinada com a reação do organismo ao álcool, pode muitas vezes frustrar sua expectativa. E aí, ao contrário do que queria, ‘falha’, ‘broxar’. Para combater este medo, muitos estão usando o viagra e semelhantes, para ter mais segurança na hora H, sem terem a menor indicação para isto – correndo mais riscos ainda.

O alerta da pesquisa foi dado. Os homens não têm o mesmo hábito de, como as mulheres, terem consultas médicas anualmente. Mas o cuidado preventivo. E, caso já tenha alguma insatisfação, afasta a causa fisiológica, invista na sua saúde mental. Seu parceiro – ou parceira – agradecerá.

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12/12/2010

… quase acabando…

Filed under: Espaço Psi-Saúde — Thays @ 16:24

Nas últimas semanas, assisti a vários filmes. Normalmente falo dos que têm alguma coisa a acrescentar do ponto de vista psicológico. Mas, pelo ritmo da vida acelerado, não tem dado tempo pra vir aqui.

Só pra não me esquecer, assisti a

Harry Potter (poxa, quase final da série, não ia perder…) – de todos os que assisti, o mais tenso…

Um homem misterioso – filme de ação com George Clooney. Que nem tem tanta ação, assim, porque se trata de um assassino profissional em crise, morando em uma cidadezinha no interior da Itália.


A vida durante a guerra – decididamente, dentre os três, o que mais traz reflexões. Premiado como Melhor Roteiro no Festival de Veneza, é um drama e tanto)

E hoje, finalmente, A rede social. Este merece um post inteiro para ele. Em breve, volto aqui.

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