No final dos anos 80, Atração Fatal, dirigido por Adrian Lynn, criou polêmica. Tornou Glenn Close famosa e antipática para alguns, até hoje, por seu papel. A trama tratava de fidelidade. Ou melhor, de infidelidade.
Em um final de semana em que a esposa estava fora, Dan Gallagher (interpretado por Michael Douglas) tem um rápido affair com Alex Forrest (Glenn Close). Como ele não quis dar continuidade ao caso, Alex perseguiu Dann até as últimas consequências, revelando-se uma total desequilibrada, com as situações mais grotescas e pavorosas.
Até hoje o filme é citado – com humor ou pavor – quando se fala de traição, para alertar dos riscos que uma simples escapadela encerra em si mesma.
Quando O preço da traição entrou em cartaz, com um elenco de primeira (Julianne Moore, Liam Neeson e a jovem Amanda Seyfried, mais famosa por aqui após Mamma Mia), não pensei duas vezes em conferir. O título original não entrega tanto a sinopse e nem é moralista: é o nome de uma personagem – Chloe.
Sinopse
Não sabia que era um remake de um filme francês. O título em português não deixava dúvidas sobre do que se vai tratar: traição. Mas, desde as primeiras cenas, antipatizei com a protagonista, a excelente Julianne Moore, o que se manteve até o fim do filme. (Aliás, nenhuma das personagens me despertou particular simpatia).
Resumo sem spoiler: Catherine (interpretada por Julianne Moore) começa a desconfiar da fidelidade do marido, David (Liam Neeson), que demora a chegar para sua festa surpresa.Bem, se a festa era surpresa, por que tanto barulho?
Catherine fica insegura ao constatar o pavor do marido com seu próprio envelhecimento. Assim, decide fuçar seu celular do marido – o que é sempre péssima ideia.
Paralelamente a isto, sabe-se lá porque, o filho do casal é totalmente indiferente à mãe, beirando à rebeldia.
Aviso: quem ainda não viu o filme – e que não gosta de saber o final da história – deve parar por aqui.
O filme é confuso, poderia ter sido um thriller, ou algo gênero ‘Atração fatal'”. Nada disto: a trama dá uma embolada no final e logo vêm os créditos finais.
Quem são estas personagens?
Chloe não fica bem delineada. Poderia ser uma carente, poderia ser uma sociopata – aliás, foi nisto que apostei, na medida em que contava para Catherine coisas que ela não queria saber.
Nada na personagem era consistente. Mas fica a impressão de que na versão norteamericana, os roteiristas foram maniqueístas.
E David? Depois de todas as turbulências e trapalhadas em que Catherine se mete, ele é o mais centrado e honesto do trio.
A melhor cena do filme é Catherine se abre e fala das suas emoções e inseguranças. Fala do pavor do próprio envelhecimento.
E, ao mesmo tempo em que o envelhecimento da mulher pode ser apavorante, para alguns homens pode ser mais atraente.
Então o que O preço da traição nos deixa? Plagiando um antigo psicólogo brasileiro, diria que a principal mensagem é que ‘sem comunicação, não há solução’.
Outras seriam:
- Ciúme é uma droga – que não deve ser provada ou estimulada, nem por brincadeira’;
- Em caso de crise no relacionamento, busque ajuda psicoterapêutica.
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Thays Babo é Psicóloga Clínica e atende em Copacabana a jovens e adultos em terapia individual, terapia de casal ou pré-matrimonial. Durante a pandemia, atendimentos são prioritariamente online.
Mestre pela Puc-Rio, tem formação em TCC, extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP), e é associada da ACBS (Association for Contextual Behavioral Science).
Atualmente, cursa a formação em Terapia do Esquema pela Wainer.