Espaço Psi-Saúde Site & blog da psicóloga Thays Babo

28/06/2009

RIP, Michael

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Em 25 de junho de 2009, o mundo foi surpreendido com a notícia da morte de Michael Jackson. Tantas vezes anunciada,  esperei até que a notícia fosse confirmada através de fontes ‘confiáveis’. Afinal, poderia ser uma estratégia de marketing (demasiado ofensiva, mas possível em uma época de crise, para aumentar a venda de música ou de tablóides).

O twitter se revelou como o meio mais rápido de comunicação e, desta vez, acurado, passando a frente de veículos no mundo inteiro. A vendagem da obra  deste artista genial, que revolucionou a linguagem pop e inaugurou uma nova era em videoclipes,   disparou – infelizmente porque a notícia se confirmou.

 

Michael Jackson era ídolo até de quem nasceu nos anos 90. A turnê em Londres, anunciada para breve, acendeu a esperança em muitos fãs, do mundo inteiro, de vê-lo ao vivo, para poder cantar e dançar com seus antigos sucessos. Várias gerações foram, de súbito, frustradas.

 

A tristeza de quem é contemporâneo de Michael Jackson, no entanto,  não é só frente ao fim de qualquer projeto do artista, que a morte traz  – pois a morte faz parte da vida de todos nós. E sua arte continuará por muito tempo ainda. O que choca é que a morte de Michael é precoce, parecendo anunciada. Quem o viu, ainda menininho, sorridente, ao cantar com os irmãos, se pergunta: como MJ, que obteve sucesso tão jovem,  se tornou um espectro de si mesmo, ainda em vida?

 

Em 2003, um jornalista britânico realizou um documentário que gerou grande polêmica. Sem entrar na discussão sobre a condução do documentário e das intenções do jornalista, o ponto central é assistir ao próprio Michael, contando as agressões que ele e seus irmãos sofreram, quando crianças,  no auge do sucesso do Jackson Five.  O agressor? O próprio pai.

 

 

 

O documentário mostrou  vários outros momentos de Michael com comportamentos totalmente inadequados, compulsivos. Ao mesmo tempo, totalmente ingênuo perante ao seu entrevistador. Pelo que vemos, Michael tentou permanecer na infância – o que já foi de muito discutido, de forma maldosa e pouco compreensiva.

 

Com todo o seu poder econômico, Michael conseguiu se manter lá e assistimos a isto claramente, na forma com que vai se expondo, sem muita censura. Um cordeiro, na frente de um lobo. Se Michael planejou usar o documentário como estratégia de marketing calculada por ele, planejou mal. Quem deu as cartas ali foi o jornalista.

 

Partindo de um olhar junguiano, pode-se tentar entender Michael Jackson a partir do arquétipo do puer aeternus: alguém que tem dificuldade de crescer e lidar com a realidade. O caso de Michael Jackson ilustra o que os junguianos denominam de possessão arquetípica.Várias são as formas com que este arquétipo se apresenta e uma delas é o Peter Pan , com quem o rei do pop se identificava totalmente – como ele declara na entrevista. Achava mesmo que era ele. O rancho em que morou até 2005, por exemplo, se chamava Neverland (Terra do Nunca), mostrando a importância da personagem em sua vida. Mas o que o teria feito assim?

 

 

Em geral, a Psicologia busca na infância as causas para as psicopatologias (e não há dúvidas de que Michael Jackson sofria de alguns transtornos, mas seria leviano tentar ‘diagnosticá-lo’ aqui, sem tê-lo conhecido pessoalmente, sem ter ouvido sua história diretamente – só mediada pela imprensa, muitas vezes sensacionalista). No caso de Michael, é impossível deixar de atentar para o seu início de vida: foi uma criança artisticamente brilhante, cheia de responsabilidades, que não podia brincar. O crescimento lhe era também doloroso: as espinhas o tornavam feio, perante o olhar do público, como ele conta no documentário. Ao crescer (física, mas não emocionalmente) investe seu dinheiro de forma a assegurar que, pelo menos em casa, poderá continuar brincando. Sobe em árvores, acumula jogos, bonecos e busca a companhia das crianças.

 

Passa por várias cirurgias, que ainda nos são inexplicadas. Muda radicalmente o seu rosto – em particular o nariz que, segundo conta, o pai criticava duramente. Atribui o  embranquecimento ao vitiligo, doença de pele. Tem filhos de uma forma que não fica clara e, pelo que conta no documentário sobre os partos, a relação com a mãe das crianças parece apenas um contrato, sem nenhum envolvimento amoroso.

 

Fica anos sem trabalhar. Pelo que tem vindo à tona, já praticamente falido, assina um contrato para uma série de apresentações. Não lê o contrato, compromete-se a 50 shows, pensando que eram apenas 10. Enfim, todas estas dificuldades de lidar com aspectos práticos da vida são característicos da pessoa dominada pelo puer.

 

 

As investigações pela sua morte continuam e depois da autópsia as circunstâncias do óbito virão à tona. Porém, infelizmente, nunca poderemos saber o que, na verdade, aconteceu na vida de Michael que congelou seu crescimento. Só teremos versões – algumas autorizadas, outras execradas.

A única coisa que podemos dizer é repetir ‘rest in peace’, Michael. Fique em paz.

26/06/2009

Amores na telona

No post com dicas cinematográficas para o Dia dos Namorados, falei o óbvio: filmes sobre relacionamentos amorosos são um grande filão. Nem preciso me alongar aqui, relembrando que, afinal, o amor é uma das questões centrais na vida do ser humano. Tornou-se mesmo o critério de muitos para definir o que é felicidade. Foi decretado: amor é oposto de solidão. Solidão é confundida com tristeza, abandono, depressão. Com esta lógica, estar só é estar triste. Ponto.


Não vou entrar no mérito da questão aqui, tentando definir o que é amor ou solidão – seria um bocado pretensioso de minha parte. Retomo o assunto sobre filmes sobre relacionamentos amorosos, que são meu objeto de estudo há tempoS. Atenho-me a três filmes em cartaz atualmente no Rio – sendo 2 brasileiros e um americano. Todos três com a minha recomendação: ‘vá e veja’! (depois diga se valeu… )


O primeiro é A mulher invisível. A história é simples, a princípio. Pedro, 30 anos, é surpreendido com a decisão da esposa de deixá-lo. Sem nunca ter percebido nenhum indício de insatisfação da mulher que adorava, mimava e com quem planejava ficar até o fim dos dias, Pedro fica chocado ao constatar que  tal ‘adoração’ foi a razão apresentada pela esposa para a separação. Ela espera Pedro chegar do trabalho (com flores!!!), já de malas prontas, e comunica  que está partindo com outro.  Segundo ela, Pedro era obcecado por ela mas não a percebia. Não a via. (Queixa comum a várias mulheres, em relação a seus maridos…)


Arrasado, Pedro encontra o apoio de um amigo, que o leva para baladas em que, noite após noite, ensaia e erra, conhece mulheres – às vezes mais de uma… Cansado de tantas tentativas, decide ser celibatário. Sua vida vai se desestruturando: perde o emprego, a luz é cortada, o apartamento está completamente sujo. Na geladeira, velas iluminam o vazio. Ou restos podres. Numa destas noites, sua vizinha, Amanda, bate à porta.


Amanda, representada por Luana Piovani, é tudo o que Pedro sonhou. Aliás, como Pedro, muitos homens sonham (não, não vou generalizar, dizendo todos – apesar dos homens da sessão do cinema darem muita risada!).  Bonita, Amanda organiza sua vida, cozinha, limpa, faxina, adora sexo, aceita que Pedro chegue tarde das noitadas, sem reclamar, adora futebol – a ponto de acompanhar as partidas da 3a divisão…


Um pequeno parêntese: na cena do futebol, lembrei do boçalossauro, metáfora criada pelo psicólogo Bernardo Jablonski:
“É o boçalossauro que nos faz tratar as mulheres como objetos, não respeitar suas opiniões ou desejos, não levantar a tábua da privada, falar palavrões, desprezar suas companhias quando a TV exibe no sábado à noite um compacto com os melhores momentos do emocionante jogo de futebol entre Quinze de Araraquara e Desportivo de Itaquaquecetuba (juniores); cobiçar a mulher do próximo e dos longínquos (…)”



Sim, por baixo da capa de romântico, Pedro tem restos do boçalossauro. Como romântico, fica encantado e resolve casar-se com Amanda. Seu grande amigo, preocupado, descobre a verdade e revela o óbvio a Pedro: Amanda, a mulher ideal,  não existe.  São alucinações de Pedro que, mais uma vez, não vê o óbvio e tem dificuldade de lidar com a realidade na porta ao lado…





Confrontado com esta realidade, Pedro tenta barrá-la na sua vida. Amanda, semelhante à  parte inconsciente feminina, que Carl Gustav Jung descreveu como anima, o inferniza. (O pensador suíço provavelmente aplaudiria o filme). Mais, não posso contar, para não estragar o filme para quem ainda não o viu.


O segundo filme é Minhas adoráveis ex-namoradas. Pela crítica do JB, eu nem deveria sair de casa. Mas domingo no cinema é sempre  melhor do que ficar assistindo a Fantástico (sério, me recuso!!!). Fui conferir, apesar da resenha do Cinemark também não ajudar. Como consolo, teria ao menos o ator principal, Matthew McCoughney – que, para mim, fisicamente, é uma versão revista e ampliada do Paul Newmann.


E sabe que eu gostei? Não dos belos olhos deles, mas da história em si. Fiquei com aquela sensação de que a ideia não era lá muito original, mas que estava bem contada. E foi só quando postei no Multiply que um amigo (de Cinema) reconheceu na hora, pela resenha, do que se tratava.


Vou colocar aqui e, ao final, falo qual foi a fonte inspiradora. Abre aspas:

O fotógrafo Connor Mead (McConaughey) adora liberdade, diversão e mulheres. Um solteirão convicto! Às vésperas do casamento de seu irmão, Connor recebe a visita dos ´fantasmas´ de suas ex-namoradas que o levam a uma hilariante odisseia, visitando seus desastrosos relacionamentos do passado, presente e futuro! Juntas tentarão descobrir o que transformou Connor num idiota insensível e se ainda há esperança dele encontrar o verdadeiro amor.



Junto com A mulher invisível, o público alvo deste filme bem poderia ser o masculino. Minhas adoráveis ex namoradas não deixa de ser   ‘filmoterapêutico’, para Don Juans que estejam abertos à reflexão. (Será que existem?) Mas o  texto de divulgação não é lá muito estimulante, não ajuda, parece moralista e deixa  totalmente previsível o final, já de início.  Os homens que aderem ao filme,  na certa querem  agradar suas acompanhantes. Se estas usarem  o filme de forma ameaçadora (“Olha o que pode acontecer se você não ficar comigo”) será uma pena!  Ajudaria se a sinopse fizesse  o link com a história que deve ter inspirado o roteirista.

Sim, se você lembrou do Conto de Natal, de Dickens, como meu amigo do IACS, Oswaldo, você lembrou certo! E, pode conferir a dica,  muita gente vai se reconhecer – ou reconhecer algum amigo… Enfim, o filme pertence à categoria “boa diversão”, passa leve.





Quanto ao terceiro filme, fui cheia de expectativa assistir a Apenas o fim. Produção brasileira, verba reduzida, elenco elogiado (merecidamente, diga-se de passagem). Todo filmado na Puc-Rio, conquistou o rótulo de cult.


Gostei mas não me senti parte do público-alvo. Talvez agrade mais a  uma geração depois da minha. Talvez duas. Alguns ícones e ídolos do casal não fizeram muito sentido para mim.


A história gira  em torno do fim de namoro de um jovem casal de universitários – daquele tipo que ninguém jamais acharia que se juntaria um dia, pois Antônio, ou Tom, é um sujeito esquisitão. Ou nerd? Talvez uma versão tupiniquim do Woody Allen do novo milênio. Mas a dupla funcionava bem, entre 4 paredes. Pelo menos, Tom achava que sim.





Como em A mulher invisível, mais uma vez o homem é surpreendido com a partida da mulher, totalmente inimaginada para ele. O que será que Tom e Pedro têm em comum? Será que Freud tinha razão quando se perguntava “Afinal, o que querem as mulheres?” 🙂  Sempre achei que a falta de respostas fosse pura incapacidade do Pai da Psicanálise, mas, pelo visto,  desde sempre,  é difícil para muitos homens terem um olhar atento para a sua mulher. Uma dificuldade arquetípica, talvez.


(Parêntese estapafúrdio: fui ao cinema no dia da morte de Michael Jackson. E no filme há uma piadinha breve sobre ele. Ficou um travinho amargo, ouvi comentários na sala, gente informando a quem acompanhava, sobre a notícia da noite.)


Ao mesmo tempo, apesar de as referências não fazerem parte das minhas memórias, considero que o filme remete ao aprendizado do amor, que todos devem fazer. Apesar da possibilidade da perda, das decepções, como vemos no filme, o aprendizado de Tom é inspirador. A forma com que reage à notícia, também. Aprender a se despedir, a deixar ir, a lidar com as frustrações, com as coisas inexplicáveis – tudo isto pode ser um treino para os jovens espectadores. E se fizer isto, já terá valido o ingresso.


Ficam então as 3 sugestões.

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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio e atende no Centro (Rio)

17/06/2009

Filmes off Hollywood

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Acabo de ver a lista de 10 melhores filmes não americanos, da primeira década do milênio. Vale conferir a relação da revista Paste (nunca ouvi falar, mas os amigos cinéfilos devem conhecer).

And the winners are…

  1. O Labirinto do Fauno (México, 2006). Tenho de ver este, todos os junguianos amam…
  2. O Tigre e o Dragão (China, 2001). A ser revisto… mas acho que ganhou muito mais pela plasticidade do que mesmo pela história.
  3. O Escafandro e a Borboleta (França, 2007). Muuuuuuuuito bom. Mas não é pra qualquer um. Tem que querer pensar sobre a fragilidade da vida.
  4. Cidade de Deus (Brasil, 2003). Que me desculpem os brasileiros, mas não gosto de filmes de violência. Pode ser uma aula de cinema etc e blablablá mas não acho que melhore em nada a sociedade. Pelo contrário, pode tornar as pessoas ainda mais endurecidas. Ou conformadas.
  5. Fale com Ela (Espanha, 2002). Na minha singela opinião, ainda é o melhor de Almodóvar. Lindo, tocante, tudo.
  6. A Viagem de Chiriro (Japão, 2001) . Assisti na época com minha filha, gostei bastante mas… será que merecia estar na lista? Se for por critério nacionalidade ou categoria (desenho), tudo bem. Se não… questiono…
  7. Amor à flor da Pele (China, 2001). Hum… pela temática, tenho de ver.
  8. A vida dos Outros (Alemanha, 2006). Muito, muito muito bom e surpreendente.
  9. Amores Brutos (México, 2000). Pelo mesmo motivo já descrito anteriormente, não vi. Neste ponto, sou bem budista: se cuido da alimentação pela boca, também cuido pelos olhos e ouvidos. Ahimsa.
  10. Caché (França, 2005). Bastante incômodo, mas bom, muito bom. Só o elenco já valeria. Filme com final em aberto – e muita gente deixa a sala perplexa…

E a sua lista? bate com esta? O que você acrescentaria, o que você tiraria?

Vou pensar em quais filmes eu substituiria se tivesse o poder de criar uma lista… Aceito sugestões!

08/06/2009

Dia dos Namorados – que tal assistir a um filme romântico?

Muita gente fica irritada em sair para comemorar o Dia dos Namorados. Em geral, os lugares ficam cheios, com filas de espera, e não aceitam reservas.

Uma boa opção para quem tem um par amoroso é ficar em casa, preparar algo gostoso e assistir a um filme.

O que escolher para ver?

Apesar de toda a crítica que se faz aos filmes românticos, que atrapalham muito os relacionamentos amorosos, eles podem ser uma delícia, se você e seu par concordarem. Sim, é bom perguntar se este tipo de filme agrada, antes de selecionar…

Se ambos gostarem, você pode assistir dando um tempo para realidade. Só relembre sempre que é ficção. Na vida real, você tem de trabalhar para que seu relacionamento dê certo. “Amar dá trabalho”, como diz o filósofo Alain de Bottom.

Se você  sofre por acreditar  que a sua vida deveria ser como os filmes hollywoodianos,  talvez seja bom começar um processo de psicoterapia para entender o que você pode fazer para melhorar o seu relacionamento. 

Filmes gostosinhos

Os filmes listados abaixo são antigos e muito estão nos canais de streaming. A lista não está em ordem alfabética ou cronológica e sim de lembrança. Alguns foram agrupados pelo elenco.

Meg Ryan atuou nos seguintes filmes:

  • Harry e Sally, feitos um para o outro – apesar do desserviço prestado às amizades entre homens e mulheres, a cena da lanchonete é antológica. A atriz até merecia  um Oscar por esta cena. 


  • Surpresas do Coração –  Mais uma vez, Meg Ryan encarna perfeitamente o estereótipo da americana neurótica, certinha. Grande contraponto ao magnífico Kevin Kline, como francês, entediado e blasé.
  • A lente do amor – com Matthew Broderick.
  • Mensagem para você – outro filme em parceria com Hanks, deve ter gerado profunda identificação com  o pessoal que se conecta nas salas de bate-papo. Aliás, ainda existem?

Hugh Grant também merece uma categoria só pra ele

  • Notting Hill 
  • 4 Casamentos e um funeral – o levantamento dos parceiros que Andie Mc Dowell faz e a sua cara de pateta valem o filme. A cena do funeral também. 
  • Um grande garoto –  não seria exatamente comédia romântica mas… seu papel tem traços cômicos. E ele vai muito bem como mau caráter em Bridget Jones 1 ( e na primeira parte de Um grande garoto), acho que ele trabalha atua bem melhor… 🙂
  • 9 meses – para casais grávidos
  • Amor à segunda vista. Uma bobagem completa e a melhor cena, que está no trailer, não aparece no filme.
  • Simplesmente amor – Neste, Hugh Grant está com um elenco maravilhoso, em várias historinhas que se cruzam.  

Alguns outros que não param de passar nos canais de assinatura. 

  • Enquanto você dormia – com Sandra Bullock. Outro filme ‘fofo’. Ah, e  ela também está  em A Casa do Lago (com Keanu Reeves).
  • Melhor impossível – Jack Nicholson e Helen Hunt saíram Oscarizados por esta divertida comédia. Que, de quebra, mostrou como é difícil o relacionamento com um portador de transtorno obsessivo compulsivo e ajudou muita gente a se reconhecer nos sintomas.
  • Alguém tem de ceder – De novo  Nicholson contracenando com Diane Keaton e Keanu Reeves. Pena que o   final é  previsível.
  • Uma linda mulher – a cena abaixo faz todas as mulheres suspirarem. Pelo contexto, pelo parceiro, pela impossibilidade de isto acontecer com a maioria das mortais… enfim…
  • Ele não está tão a fim de você – procure o post só sobre ele e o livro que deu origem ao filme. Ou melhor, a série que deu origem ao livro, que inspirou o filme… 
  • Dez coisas que eu odeio em você – releitura do clássico “A megera indomável”, de Shakespeare, tem Heath Ledger em início de carreira.
  • Amor aos pedaços – Não tão famoso, mas merece uma conferida pelos fãs do gênero.
  • Como perder um homem em dez dias – ótima crítica aos artigos das revistas femininas, Kate Hudson e Mathew McConaughey têm uma boa química…
  • Casamento Grego – Interessante para conhecer uma cultura bem diferente da nossa, mas que deu origem a alguns mitos do amor romântico.

Improváveis de acontecer na vida de qualquer um

  • Só você – Lindinho, com Robert Downey Jr e Marisa Tomei, passeando pela Itália. Reforça todas  as crenças do amor romântico, por isto assista com muita cautela!  
  • Escrito nas estrelas –  Dá vontade de torcer contra a mocinha, interpretada por Kate Beckinsale. John Cussack poderia ter escolhido outro filme para estrelar…

O perigo dos filmes românticos

Psicólogos e outros estudiosos do  amor não se cansam de dizer que  acreditar que, na vida real, as coisas podem acontecer magicamente, sem dedicação e esforço pessoal, atrapalha muito os relacionamentos amorosos.

Por isto, se assistir, encare apenas como ficção. Uma forma de lazer e descanso da realidade. 

Ou seja: esta  lista não é exatamente uma lista de filmoterapia sobre relacionamentos amorosos. É apenas de diversão.  A lista merece inclusive ser atualizada – pode deixar aqui suas dicas.  

Antiguidades imperdíveis

  • Casablanca – há controvérsias sobre a decisão de Ilsa, mas…
  • Jules e Jim – Para casais cabeça, que já passaram dos estágios iniciais de namoro…
  • Sabrina – Este filme tem duas versões. a primeira, com Audrey Hepburn, Humphrey Bogart e William Holdem, inspirou uma novela, nos anos 70: Carinhoso, com Regina Duarte, Claudio Marzo e Marcos Paulo. Sabia? Na 2ª, Julia Ormond, Harrison Ford e Greg Kinnear. Não tinham a mesma química, mas… tem gente que não gosta de filme em preto e branco… 🙂

Filmes cult

  • Assédio – uma maravilha de Bertolucci, talvez seja o que melhor retrate o amor incondicional. Incrível ter sabido depois do que ele foi capaz, quando dirigiu O último tango em Paris. Mas não invalida este filme. 
  • Fale com ela – Almodóvar se superou neste filme, que trata do amor de Benigno (que um grande amigo chamou de “Maligno”)
  • Lua de fel – para amores doentios e imprevisíveis.
  • Mentiras sinceras – filme inglês, mexe na ferida de muitos casais. Aliás, talvez casais brasileiros não mantivessem aquela fleugma.
  • Closer – Muita gente, que foi atraída pelo elenco estelar, o considera  pessimista, mas tem ótimos diálogos e traz boas reflexões sobre a sinceridade e o perdão em um relacionamento. No caso, vários ao mesmo tempo e agora. Os coadjuvantes superam os protagonistas.  
  • Antes do amanhecer, Antes do por do sol e Antes da meia-noite  – Conhecida trilogia, caso não tenha  assistido, veja nesta  ordem. Não é recomendado para casais que não gostem de DR.
  • Uma relação pornográfica –  não é nada disto que você  está pensando: o filme é de uma delicadeza fantástica!!! E a atriz foi premiada em Veneza.
  • Sexo por compaixão –  Apesar do título, não é nada disto que você  está pensando!!! (2) O filme mexicano, surpreendente e sensível.
  • Pecados íntimos – Por este filme,  Kate Winslet já merecia um Oscar.

Se lembrar de algum filme que tenha faltado aqui, compartilhe! Se for mais recente, ainda melhor!

Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC pelo CPAF-RIO, Terapia do Esquema pela Wainer Psicologia.  e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana ou online.

06/06/2009

O Dia dos Namorados vem aí. E agora?

Poucos dias nos separam do Dia dos Namorados.  Muita gente se sente esmagada com o excesso de apelos sobre a data, todas as mídias insistindo em dizer que o amor está no ar…


Mídias

Centenas de comerciais, outdoors e promoções das mais variadas tentam tornar esta data mais lucrativa para seus clientes. Há algum tempo li que as vendas relativas a esta data superam  efetivamente no Dia das Mães!

Porém, por mais que soe esquisito,  sejamos práticos: é muito improvável que este ‘mercado’ amoroso consiga manter  o equilíbrio numérico  entre homens e mulheres, ainda levando em consideração a orientação sexual, enfim…

Assim sendo,  é totalmente compreensível que muita gente boa – independente da classe social ou do nível de escolaridade – seja possuída por um baixo astral na data, se estiver solo.  Não sou estatística, mas ouso dizer que é um número expressivo, se acreditarmos nas informações demográficas que de vez em quando a mídia alardeia (caso queira dados exatos, sugiro o  site do IBGE)  ;-).

Instaura-se assim um terrorismo amoroso. Bate o desespero em muita gente neste dia. As mulheres devem lembrar do sucesso de O diário de Bridget Jones. Não por acaso, a personagem despertou uma empatia muito grande no público feminino, em todo o mundo. Uma das primeiras cenas do filme mostra a personagem cantando, arrasada, “All by myself“.


(Tá bem, era Natal e Bridget Jones morava em Londres, mas abstraia: é só um exemplo de uma mesma situação – a solidão, como sofrimento quando se acredita, piamente, que todos são felizes no mundo lá fora – menos nós).

De onde surgiu a paúra de não ter alguém do lado, no dia 12 de junho?

Retrocedendo à Antiguidade, vamos parar na Grécia. Em O Banquete, Platão narra uma reunião na casa de Agaton em que os presentes falam sobre o amor. De todas as falas, talvez a mais conhecida seja a de Aristófanes, que narrou o Mito do Andrógino.

De forma bem resumida, a história é a seguinte: Aristófanes conta que os humanos, perfeitos e íntegros, reuniam em si mesmos os dois sexos. Ambiciosos, planejavam tomar os céus. Ao descobrir o plano,  Zeus, o deus mais poderoso do Olimpo, decide castigá-los, partindo-os ao meio. A condenação é simples: sempre vagar, em busca da outra metade.

Todo mundo já ouviu esta história, mesmo sem saber quem a contou originalmente. E o mito vem alimentando o nosso imaginário há séculos, reforçado por todas as produções culturais e, de algumas décadas para cá, pelas campanhas publicitárias.

Pra piorar a situação, aqui no Brasil, o poeta proclamou que ‘é impossível ser feliz sozinho’. Soa quase como  uma maldição, uma condenação. E a maldição se auto-realiza – há quem considere que estar sozinho – ou melhor, consigo mesmo/a – é mesmo muito ruim, pior do que praga de madrinha.

Mas, ‘deixando a profundidade de lado‘ , o amor é lindo. Pausa para sermos também condescendentes e não cairmos em um extremo oposto, em que se acha ridícula toda a forma de amar ou expressar amor.

Tomo então emprestadas as palavras do Frejat: “Desejo que você tenha a quem amar“…


Reflexões

Se  estar só te deprime, talvez seja melhor combater o baixo astral neste dia tão ‘emblemático’. Fica a sugestão do filme Sex and the City – o 1o! -, em que as (quase) sempre amigas Carrie e Miranda saem para se divertir no Valentine´s Day (que é em 14 de fevereiro mas corresponde ao nosso 12 de junho).

Nos outros 364 dias do ano, é bom parar e refletir sobre suas escolhas e projetos. Quem sabe começar uma psicoterapia para entender o que se passa – às vezes  estar só pode não ser maldição e sim uma bênção… Ou mesmo uma escolha, da qual não se está consciente. 

Caso você já tenha superado esta fase, mande sugestões do que se fazer neste dia! Solteiros e solteiras por convicção aguardam suas dicas!

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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana.

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